Por Cris Gomes – @textoecompromisso
Tive uma infância muito regrada financeiramente. Tudo era contado e os desperdícios eram praticamente zero. Assim que pude, na adolescência, comecei a vender produtos por catálogo para as vizinhas e sempre que possível fazia uns “bicos” para levantar uns trocados, que eu consumia indo aos cinemas do bairro. Até hoje amo ir ao cinema.
Quando conheci o jovem que se tornou meu marido, começamos a namorar e em pouco tempo o casamento foi algo que nos ajudaria de muitas formas: ele tinha problemas familiares e eu uma mãe muito possessiva e controladora. Perfeito! Os preparativos foram acontecendo a cada salário que recebíamos e chegou o momento de dizer a ele que eu não queria ser mãe.
As dificuldades no relacionamento com minha mãe eram muitas. Hoje sei que tenho grande parcela de culpa, mas a questão que relato hoje é outra. A maternidade me assustava e o fato de ter um filho era algo que definitivamente eu não queria. Era insegurança, medo, preocupação e principalmente temia ser como minha mãe.
Ele ouviu tudo calado e ao final disse que estava tudo bem.
Casamos e o tempo foi passando. As dificuldades sempre batendo à nossa porta, mas o trabalho nos ocupava e no sétimo ano me descobri grávida. Estava de quatro meses. Fiquei apavorada! A gestação foi rápida. Os cinco meses restantes voaram e meu filho nasceu lindo e perfeito. Hoje ele 26 anos e me enche de orgulho. É um ser humano incrível e eu sou uma mãe realizada. Tive outro filho e os dois me fazem muito feliz.
Tenho aprendido muito com eles e com a maternidade. Sempre que lembro do meu desejo inicial, fico feliz que ele não tenha se realizado.
Revisão: Stefânia Acioli – @tevejomae