Não, meu útero não deu vida a um outro corpo que anule o meu. Minha filha e eu já fomos unicidade, mas desde o parto nossa individualidade começou a se consolidar.
Mães, não creiam num conceito de maternagem que exige somente sacrifícios e renúncias. Essa construção é uma idealização machista e patriarcal, que mais uma vez viola o corpo da fêmea. Tem como fundamento o mesmo padrão que exige subserviência ao masculino, ao exigir da mulher sua nulidade ou menor valor em face do outro.
Não, mães, seus filhos não devem ocupar o primeiro lugar em suas vidas, decisões e ações, embora possam permeá-las. E o digo com o infinito amor que tenho pela minha cria.
Minha cria pode ocupar o centro, mas comigo, ao meu lado, nesse locus de importância e valoração.
E sim, é legítimo, não deixem que as digam o contrário. Não deixem que digam “quem pariu Mateus que se balance” como uma máxima obrigacional a exigir todas as suas forças, exaurir seus esforços e a esvaziar enquanto singularidade.
Antes é preciso que você se olhe, se cuide. Faz-se preciso pausas, ainda que pequenas, para respirar seu eu, suas vontades, seus desejos. Tempos para olhar pro seu umbigo, que de tão importante é gerador de vida e dádiva.
Assim, quando você balançar Mateus, que seja com certa dose de conforto, com consciência das suas limitações, de que é importante gritar por ajuda e socorro e que a boa mãe o faz.
Mães, assumam e zelem pela sua individualidade e bem-estar físico, mental e emocional para uma maternagem mais sólida, leve e saudável.
Respeitem suas emoções, seu espaço e ensinem aos seus filhos o quão importante é essa delimitação de contornos. Seu eu e sua cria hão de agradecer.
Uma mulher não se torna menos mulher ao ser mãe.
Por Tâmara Menezes
Revisão Stefânia Acioli.