Acolher. Palavra simples, mas que carrega afeto, ou para alguns, uma falta.
A criança que fomos um dia, vive eternamente dentro de um lugar no qual desconhecemos, mas que esporadicamente se aflora, seja por um cheiro de bolo que remete infância, traumas ou até mesmo quando criamos um filho.
Um dia desses vi em uma rede social a trend do “Tchau, chupeta”. Um vídeo simples de pais amarrando a chupeta do filho em bexigas e soltando no céu aflorou em mim um sentimento triste. Um simples vídeo me fez chorar. A chupeta era do menino, mas por que senti como se fosse minha, e só pude pensar em como o garotinho se sentia? Pois bem, o vídeo era de uma psicóloga e em um comentário uma jovem expôs que sentia tristeza, assim como eu.
A resposta veio como uma pancada: talvez não seja pelo garotinho, mas por situações que você, como garotinha, vivenciou.
Quantas vezes evitamos situações para nossos filhos, não por medo de que eles sofram, mas por medos reprimidos de que não queremos passar novamente.
Criar um filho, criar mesmo, digo, se preocupando com o mais precioso que eles têm, que é o emocional, é terrivelmente difícil, a ponto de percebermos que as noites mal dormidas, falta de dinheiro ou puerpério, sejam as partes mais fáceis. E não digo isso porque temos que lidar com a construção de um caráter, mas porque nos deparamos com um monstro chamado criança interior.
Digo, caro leitor, que é impossível construir uma criança saudável sem curar a criança interior dos pais, e isso explode na nossa cabeça e nos abre os olhos para tantos porquês.
Isso nos faz olhar para a geração “Nutella” de uma outra perspectiva, mais acolhedora, mais atenciosa e mais atenta.
Ao mesmo tempo, esse desafio serve como um remédio, e descobrimos que criar um filho pode ser acolhedor para a criança que vive em nós. Foi então que entendi o que muitas mães dizem, que filho cura.
Escrito por: Marcela Gallinari – @_gallinari
Revisado por: Gisele Sertão