“E aí, seu marido te ajuda?” Começo esse texto com uma pergunta simples, mas tão escutada, diversas vezes, por nós, mulheres. Seu marido, seu namorido, seu namorado, seu companheiro… Ele te ajuda? É engraçado como muitas de nós, a todo tempo, se deparam com esse questionamento, que, diferentemente, para os homens, não se aplica: “Sua mulher te ajuda?”
É estranho ouvir o contrário; soa incomum aos ouvidos. Talvez porque já estejamos tão acostumados com essa sociedade patriarcal que insiste em sufocar os desejos das mulheres e incumbir a elas a total responsabilidade pelo cuidado: o cuidado da casa, da roupa, do almoço, do cachorro, dos deveres da escola, das festinhas adolescentes, do coração partido da sua primogênita que acabou de terminar com o crush.
Isso, somado à exaustiva rotina do trabalho fora de casa — do chefe, das planilhas para entregar, das reuniões intermináveis e do estudo que não pode parar. Ah, tem ainda a academia, a dieta, o salão e os procedimentos estéticos que não podem faltar!
É sabido e notório que essa rotina maluca e estressante, de “dar conta de tudo”, tem levado muitas mulheres a apresentarem algum tipo de transtorno ou distúrbio mental. Mas como falar da saúde da mulher, em valorização da vida, quando a sociedade prega o contrário?
É necessário mudanças, às vezes pequenas, na rotina, no dia a dia, mas que permitam que as mulheres — todas elas — sejam capazes de dividir as tarefas, as responsabilidades, os afazeres diários. É preciso acolhimento, escuta, mão estendida. É preciso compartilhar a vida em todos os seus sentidos!