POESIA | Santa Marginal

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Meus olhos sangram, santa margarida 

A inocência quebrada, violada 

santificada em meio a dor 

Como continuar? 

Quem eu sou? 

Exausta, me deito e acordo entre sêmen e suor 

Barreira rompida 

O que me atravessa está além 

Preciso voltar 

A natureza que me encanta, me esconde 

Me incendeia 

Me mata 

Na mata fria, gemidos de dor 

Violência? Está em mim, me rasga, me anula 

Quem eu sou? 

santa margarida 

Santa Virginal 

Como ser quem eu era 

Se eu não sei quem sou 

Me tornei a violência, a violada 

Santa Virgem margarida 

Despedaçada 

A dor que me maltrata, me forja, me molda, me dilacera Quem sou? 

Pés descalços na cor, na dor, sangue e lama me encarnam Me matam 

Me violam 

Me tiram a cortina singela da inocência 

Quem? 

Angústia? 

Flor escarrada, esculpida 

Mina imaterial de memórias tristes 

Eu Sou a lembrança escondida entre farrapos e tropeços Qual o limite da obediência? 

Qual limite da ignorância? 

Na linha tênue da (sobre)vivência o desejo de não saber me liberta Sem mato, na mata, me mato 

Não me lembro do caminho 

Nem dos nomes 

Não sei ler 

Me escrevem, descrevem 

Me notem 

Me vejam 

Me façam voar

Na falta me ocupo em estar 

Eu sou uma doce flor… 

com grandes espinhos 

Santa Margarida, perdoai-vos.

Autora – Anna klaudya da Silva Matias – @amorerevolucao

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