O que a crise climática e o acesso às telas têm a ver com a saúde dos meus filhos?

Pixabay Beatriz Rigorfi Nascimento

Vivemos em uma era de exageros. A tecnologia está por todo o canto desde que os nossos filhos nasceram. A superexposição aos meios de comunicação e – muitas vezes – a falta de filtro desses conteúdos, pode impactar drasticamente o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Ao mesmo tempo, a crise climática que vivemos (com níveis de calor e frio extremos, poluição, racionamento ou transbordamento de água e tantas outras problemáticas) são algumas das tendências mencionadas no relatório do UNICEF “Situação Mundial da Infância 2024: O Futuro da Infância em um Mundo em Mudança”. E o que nós podemos fazer para que as nossas crianças e jovens tenham um futuro mais saudável e sustentável?

Crise climática e acesso às telas: impacto real a curto e longo prazo

O impacto é real: de acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil de 2023, mais de 95% da população de 9 a 17 anos de idade já é usuária da internet. Mesmo em meio à proibição do uso dos celulares nas escolas declarada pela Lei nº 15.100/2025, a exposição às telas ainda é uma realidade. Segundo um estudo feito pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ao menos 72% das crianças avaliadas tiveram o aumento da depressão associado ao uso de telas.

Ao mesmo tempo, a crise climática também impacta o crescimento e o desenvolvimento de crianças e jovens. E não estamos falando apenas de pessoas que vivem em locais remotos, países subdesenvolvidos ou outros continentes. Nossos filhos; morando em grandes cidades, zonas rurais, interior ou quaisquer que sejam as localidades em todo o mundo, já representam a maior parcela das pessoas afetadas pela crise climática.

Conforme o artigo do pediatra Felipe Monti Lora, divulgado pela Veja Saúde em janeiro de 2025, tanto a saúde física quanto a mental já são diretamente impactadas por esse cenário. Problemas respiratórios, prejuízos ao desenvolvimento e na saúde mental estão entre esses resultados.

De mãe pra mãe: qual é o nosso papel?

Cada família possui uma realidade. Tempo de exposição às telas, idade e controle de acesso são alguns dos recursos amplamente discutidos, mas o que realmente vale considerarmos é o acompanhamento do conteúdo em si. O que está sendo consumido e o que esse conteúdo agrega ou não para o meu filho é o primeiro passo para evoluirmos juntas e apoiarmos no desenvolvimento de crianças e jovens.

Segundo o Guia sobre usos de dispositivos digitais para crianças e adolescentes, divulgado no início deste ano pelo Governo, um ponto importante para ser levado em consideração nesse cenário, é que diversos conteúdos disponíveis “induzem a comportamentos que nem sempre são de seu interesse ou que podem ser prejudiciais à sua saúde e bem-estar”. Por isso, a atenção, o acompanhamento e o diálogo são essenciais para que o desenvolvimento, saúde e aprendizado de crianças e jovens não sejam prejudicados.

E quando falamos das mudanças climáticas? De acordo com o mesmo documento da UNICEF, a educação ambiental – ou seja, ensinar sobre questões ambientais e seus impactos – é um passo essencial para mudarmos o rumo dessa jornada. As escolas possuem um papel fundamental, estimulando o conhecimento teórico e o entendimento da importância de uma convivência cidadã. E, dentro de casa, o nosso exemplo frente a esse cenário também é essencial.

Tudo se conecta. Tudo se complementa. E a realidade desses impactos já chegou até nós. Vamos juntas, por meio da educação, da presença e do acompanhamento constante cuidar da saúde das nossas crianças e jovens para que eles tenham poder, vez e voz para construir o futuro que precisamos?

Autora: Beatriz Rigorfi Nascimento – @bia.rnascimento

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