Mulheres-mães protagonistas da própria história

O direito à infância num ambiente não-tóxico

O direito à infância num ambiente não-tóxico

Compartilhe esse artigo

Usualmente, espera-se que a mãe imponha limites a seus filhos. Entendo esse ponto de vista e aplico o mesmo para diversas atividades cotidianas. Na minha casa, dar limite é fazer com que minhas filhas tomem banho todos os dias, não comam doces antes das refeições e sigam algumas outras regras de higiene básica. Essa dinâmica perpassa nosso cotidiano de forma tão natural que nem é percebida na maioria das vezes. Entretanto, é a presença das minhas filhas que me impõe um limite muito rígido quando o assunto é relacionamento abusivo.

Acredito que a liberdade de cada um termina onde começa a do outro. Que tudo é permitido, desde que não prejudique terceiros. Faça o que tu queres pois é quase tudo da lei. Desde que virei mãe, minhas filhas representam o limite que me leva a colocar esse “quase” na frase.

Para quem olha de fora um relacionamento abusivo, parece obvio que a mulher deveria pensar em si mesma e terminar o relacionamento. Entretanto, esses relacionamentos são tão frequentes exatamente porque muitas mulheres não conseguem encontrar em si mesmas as forças e/ou motivação para colocar um ponto final. Afinal, além do abuso, costuma existir uma enorme teia de sentimentos nada cartesianos sustentando a situação.

Entretanto, ao me tornar mãe e decidir que minhas filhas moram comigo, me torno responsável não somente pelo meu bem-estar, mas também pelo bem-estar delas. Ainda que em alguns momentos possa ser difícil priorizar a minha estabilidade emocional para me afastar de um relacionamento abusivo, não tenho o direito de escolher uma rotina de instabilidade e insegurança para minhas filhas. A responsabilidade pelas vidas delas me dá forças que eu não teria, caso tivesse que pensar somente no que é melhor para mim.

Fazer minhas filhas presenciarem um relacionamento abusivo seria contrário a tudo o que me proponho a ensiná-las. Como posso tentar transmitir conceitos sobre autoestima, sobre valorizar a si mesma, sobre exigir ser respeitada, caso eu não dê esse exemplo dentro da nossa casa? O primeiro passo para que elas entendam que devem ser respeitadas por todos, é crescer num ambiente onde haja respeito. Não adiantaria fazer um discurso num sentido e vivenciar algo totalmente diferente.

Dessa forma, apesar da maternidade trazer diversas fragilidades e inseguranças, ela também me torna mais forte. Forte o suficiente para lutar pelo que for melhor para minhas filhas e priorizar a estabilidade de nosso lar. Dizem que os filhos nos ensinam a ser mães. No meu caso, minhas pequenas fazem bem mais do que isso, me ensinam a ser uma mulher de quem elas possam se orgulhar e, tomara, tomar como uma boa referência.

Compartilhe esse artigo

Leitura relacionada

Últimos Artigos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *