A coisa que mais amo trabalhar dentro do consultório certamente é a maternidade, talvez porque esse assunto me remete à minha vivência mais “intensa”. A troca é inevitável e a empatia verdadeira.
Ali, consigo sentir “a dor de uma mãe” cercada de medo, cercada de culpa, cercada de amor. Um filme vai passando pela minha cabeça, me lembro de quando meu filho nasceu, certamente eu quase morri rs, talvez eu não esteja exagerando. Posso dizer que foram 3 anos de noites sem dormir, os vizinhos já me olhavam feio, era bebê chorando e uma mãe gritando de desespero, noites à fora, eu literalmente à beira da loucura.
No consultório da obstetra, mães maquiadas e ajeitadinhas com seus bebês no colo, e eu ali digna de pena. Passava pela minha cabeça: “como elas tiveram tempo de passar batom e colocar brincos, se eu mal consigo fazer xixi?”. Eu só chorava! Mas, para minha surpresa o amor continuava intacto, no meu caso não tive depressão (que todos temiam, uma vez que adoeci por estresse na época da faculdade), mas quem me conhece percebe: A MATERNIDADE ME CUROU.
O amor tomava conta, meus olhos brilhavam por ele, não tinha mais tempo sequer de ter depressão (aquela da época da facul). E hoje sigo tendo a oportunidade de ajudar outras mães, que vivem a maternidade das mais diferentes formas, que muitas vezes trazem seus filhos ao consultório carregadas de medos e incertezas, precisando de um olhar que acolhe e compreende, sem julgamentos.
Levando em conta que assim como pessoas, também somos MÃES ÚNICAS, que projetamos nossas questões na maternidade, podemos dizer que esse papel tão lindo, pode se tornar um grande “pesadelo”, uma grande “loucura” ou até mesmo o caminho da nossa “cura”. E quem estará apto a julgar? #logoeu?
Vanessa Avino – Psicóloga e Neuropsicóloga, fundadora do projeto REDEPSI.