Por Maiana freitas – @maianafvfreitas
A maternidade é cheia de coisas que ninguém fala, é implacável, desafiadora, é um renascer. Tanta coisa difícil. Não quero ser clichê e falar de amor. É importante lembrar o quanto que somos feitas de dores, de ralados, de erros, cargas mentais dignas de capa da Forbes.
Somos feitas de feridas reais. Quantas noites sem dormir entortando o corpo para caber na cama, acordando 1, 2, 3, 4, 5x na mesma noite. Inimaginável antes de viver na pele.
Hoje consegui acordar antes dos meus filhos, rolei o álbum de fotos e notei uma em que os dois olhavam para o click.
Meus 2 com seus olhinhos de jabuticaba acompanharam o olhar para o registro fotográfico. Uma raridade, uma conquista pequenina e mágica. Reclamo tanto de ter que me levantar às 5h, que esqueço de curtir seus olhinhos voltados pra mim. Sim, costumo estar mal-humorada nesse horário. Demoro a conectar o meu cérebro de adulta e cuidar de preparar um café da manhã, higienizá-los, apreciar aqueles sorrisos. Será que mais alguém se sente assim? Hoje foi diferente, hoje eu consegui acordar antes dos meus filhos.
Refleti que somos como um diamante em lapidação: brutas, em construção, como um canteiro em obras. Cansadas demais para explicar, mas atentas para reconhecer o brilho que vem de lá. Quem sabe voltaremos a ser inteiras um dia e retornarmos ao lugar de onde fomos arrancadas sem aviso. Não será o mesmo lugar, jamais será.
Seremos como joias, raras, cada uma com seu brilho, suas cores. Onde as cicatrizes formam marcas especiais. Desejo sempre um feliz despertar a todas as preciosas que existem por aí. Aceitemos o nosso valor!
Revisão: Stefânia – @tevejomae
