Mulheres-mães protagonistas da própria história

Mães são como Águia

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Acredito que a maioria das mulheres ao se tornarem mães passam por um momento de renovação, seja na carreira, no estilo de vida ou aparência. Comigo foi assim. Quando me tornei mãe, abri mão de uma carreira para cuidar e educar minha filha.

Acredito que a maior carreira que já exerci até hoje, foi a maternidade. Pensando sobre isso, percebi que era parecida com a Águia. Ou melhor, acredito que as mães sejam assim.

Por que a Águia? Você sabia que, após aproximadamente 40 anos de vida, a Águia sobe a montanha mais alta para se renovar e renascer? Fazendo uma analogia, percebi que quando me tornei mãe, apesar de não ter subido uma montanha, assim como a Águia, me recolhi, me resguardei, passei um tempo reclusa me adaptando àquela nova realidade.

Foi um longo período regado a muita reflexão, onde buscava me reencontrar ao mesmo tempo em que buscava ser a melhor mãe para minha filha.

Durante os 150 dias que passa reclusa na montanha, a Águia usa seu bico já quebrado e suas unhas gastas para arrancar suas penas velhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela arranca as velhas e assim também o faz com o seu bico. Um processo longo e doloroso.

Embora não tenha arrancado minhas unhas, por vezes pensei em arrancar os cabelos. A maternidade é mágica, mas não posso fantasiar, tem momentos difíceis e desafiadores também. No meu momento Águia, precisei passar por um processo doloroso também. Como eu disse, escolhi deixar o mundo corporativo para cuidar de minha filha, e como toda escolha que fazemos tem os prós e contras, essa não foi diferente.

Foi maravilhoso educá-la, vê-la dar os primeiros passos, pronunciar as primeiras palavras, acompanhá-la no primeiro dia de aula, enfim, cada momento foi único, especial e inesquecível. Não trabalhar e não ter dinheiro foi a parte mais difícil para mim. Por mais que tenha quem diga que dinheiro não traz felicidade, vivemos em um mundo capitalista e sem o dinheiro não podemos fazer muita coisa.

Meu marido sempre foi responsável pelas despesas da casa, mas eu tinha minhas questões pessoais, e foi aí que o processo dolorido começou. Não podia arrumar as unhas (nem arrancá-las como a águia), precisava pintar os cabelos, minhas roupas estavam gastas, enfim, precisava suprir minhas necessidades femininas, minhas vaidades, mas não podia.

Foi um tempo difícil onde ouvi que não era ninguém por só ter o segundo grau, que era acomodada e sem perspectiva do futuro. Foram muitos julgamentos e dedos apontados por eu ter escolhido ser apenas mãe. Como se ser mãe já não fosse mais que um trabalho formal.

Mas, voltando a Águia, após o período de reclusão, depois que suas novas penas, unhas e bico nascem, ela parte para seu voo glorioso, seu voo de ressurreição. Ela simplesmente esquece a dor e recomeça.

Após três anos do meu período Águia, de reclusão, de me anular como mulher, de guardar meus sonhos na gaveta, eu renasci.

Comecei a ganhar meu dinheiro fazendo faxina para as amigas, desenterrei meus sonhos e recomecei. Hoje sou escritora, graduanda em pedagogia, ainda faço faxina, pois é uma forma de permanecer mais tempo com minha filha.

Assim é a mãe Águia. Mesmo que ela passe por momentos difíceis e dolorosos, ela tem a capacidade de pegar a dor e transformá-la em combustível para renascer e recomeçar. E um fato importante sobre a águia é sua visão aguçada. É assim que a mãe águia deve ser.

Temos que voar alto, além dos problemas, passarmos o tempo que for necessário renovando nossas forças precisamos ter uma visão aguçada para enxergarmos o momento certo de ultrapassarmos as nuvens escuras na certeza de que do outro lado veremos a luz do sol e vamos renascer!


Autora: Olá, sou Rose Almeida, nascida em Belo Horizonte no alto das montanhas de Minas Gerais, terra de grandes escritores e poetas. Não tem muito tempo que comecei a “lutar” com as palavras (Drummond), mas descobri que é o meu destino, apesar das dificuldades. Tenho uma filha, que é minha fonte de inspiração, sou autora de 6 livros infantis e um livro para mulheres e meu desejo é espalha-los pelo mundo. Meu ig é @rose.maequeescreve.


* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da revista.

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