Mulheres-mães protagonistas da própria história

Mãe, tenha uma praça para chamar de sua

Mãe, tenha uma praça para chamar de sua

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Esses dias encontrei uma amiga pelo bairro. Fazia um tempão que não nos víamos. Somos amigas da praça. Fizemos amizade sentada num banco de parquinho, as duas de chinelo, calça legging, olheira, coque no cabelo e teta de fora amamentando as crias. As duas recém paridas, acabadas de sair da caverna, fazendo contato com o mundo pela primeira vez, com bebê amarrado no corpo e uma mochila nas costas pronta para as 4 estações do ano. 

Sair sozinha com um bebê pequeno no colo, pela primeira vez, é uma baita conquista, e só aquelas mulheres no parquinho podiam acessar a potência daquele ato. Falta de sono, assadura, peito rachado, tempo de mamada, papinha, volta ao trabalho, escola, solidão, mãe, sogra, pai da criança…. ali era um lugar seguro para soltar o verbo. Troca, acolhimento, colo, amizade. Mães vindas do futuro, com bebês e crianças maiores, aquietavam a ansiedade das recém-chegadas. 

E no passar das horas tirando areia da boca dos filhos limpávamos também as pedras do nosso sapato. No vai e vem do balanço, entendíamos que um dia era lindo e o outro péssimo. Escorregamos juntas, e por termos umas às outras nos levantamos com mais agilidade das quedas. 

Por isso, a dica mais importante que eu posso dar para as mulheres que estão esperando um bebê é que você vai precisar de outras mulheres perto de você, de uma rede de apoio, de alguém pra conversar, pra pedir colo. Procure uma pracinha perto da sua casa pra chamar de sua. Mesmo que seu bebê seja muito pequeno, vá com ele, conheça outros bebês e converse com outras mães. É tão potente essa troca. 


Autora: Jessica Marzo – escritora, cientista social e mãe de duas meninas pequenas. Instagram: @jemarzo.

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