Como me amar gordinha, com olheiras, dor nos joelhos, cabelo amarrado, desgrenhado por não ter tempo e nem vontade de fazer uma escova?
Como me amar quando eu me sinto uma péssima mãe porque eu me atrasei para a apresentação da escola procurando vaga para estacionar?
Como me amar quando eu vou trabalhar e me sinto uma péssima profissional e me comparo com minhas colegas que batem metas todo mês, por serem solteiras, e poderem ficar mais de 8 horas no trabalho?
Como me amar quando eu não sei onde sou boa o suficiente?
Como me amar quando eu preciso ir para a faculdade e deixar minha filha com pessoas que eu confio, mas não gosto do comportamento, pois não estabelecem limites para ela sair dos joguinhos?
Como me amar quando minha filha, com TDAH, precisa tomar ritalina e o pai é contra e eu não consigo defendê-la nem movendo um processo?
Como me amar quando eu imagino meu dia a dia segurando mais de 6 copos cheios em uma bandeja, sem deixar cair, para resolver minha vida e erroneamente e arrogantemente resolver a vida dos outros?
Como me amar se eu sinto que sou uma péssima filha quando minha mãe quer falar por horas ao telefone e eu preciso cortar porque eu preciso tomar banho e dormir?
Como me amar quando eu não dou conta de tudo?
Como me amar se eu gasto indevidamente ou não ganho dinheiro o suficiente para comprar o melhor para as pessoas que eu amo quando chegam datas que me dizem: você não está sendo e fazendo o suficiente. Só essa florzinha no dia das mães? Só esse casaco das lojas dos chineses para sua filha?
Como me amar quando eu sou uma péssima irmã e não procuro meu irmão porque ele é monossílabo e eu não sei instigar a conversa com ele?
Mas te digo que uma grande parte de quem eu sou me ama de verdade e grande parte aceita as imperfeições porque aprendeu com os estudos de psicologia, de autoajuda (por que não?) , com palestras motivacionais (tipo TED Talks), com a vizinha.
Fui ensinada a dar conta, sem reclamar e sem querer muito, pois era ganância. Seja grata pelo que tens era a frase de ordem.
Eu ouvi muito o ditado “quem ri muito num dia, chora no outro.” Então, nem pensar em rir para não chorar.
Quando eu faço uma análise de quem eu sou, vejo que sou daquelas que trabalha e trabalha: em casa, home office, estuda para estar sempre atualizada, vai ao supermercado, vai à escola, faz comida em casa todos os dias para ser mais saudável.
Sou uma mãe atenta às tendências da educação, que ouve podcast, que segue pessoal da educação respeitosa.
Sou uma pessoa que quer evoluir sempre, que procura estar alinhada ao que é ético, alegre e vibrante.
Eu aprendi a me aceitar por completo em todas as minhas partes. Eu aceito por completo quem eu sou. Eu valorizo quando me acho boa o suficiente, tenho calma em relação a comportamentos que não consigo mudar ainda, me aceito por me amar sem “mas”.
Se eu fosse pensar numa metáfora, eu diria que sou o sol e a lua, o dia e a noite e, juntos, formamos as estações do ano onde cada uma delas tem seu encanto.
Autora: Raquel Bandeira Bertoletti – @psi.raquelbertoletti





