Mulheres-mães protagonistas da própria história

Como não pensar na traição?

Como não pensar na traição?

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Desde que meu filho nasceu eu não deixo de pensar: “que foi que eu fiz?”. Não pelo meu filho; ele é maravilhoso. Mas, sim, pelas escolhas que eu fiz até aqui de me estabelecer em outra cidade sem a minha família, de ter me casado com a pessoa que me casei, de ter escolhido manter o relacionamento quando eu já sabia que estava afundando, e, o pior, quando eu escolhi ter um filho com este homem.

Ele é uma ótima pessoa; não me entenda mal. Não falo de um platô de superioridade em que eu presto, mas o outro não. O ponto é que nós somos muito diferentes. Sempre fomos, mas antes essas diferenças não tinham o mesmo peso.

Eu até achava “engraçadinho” ele gostar de algo e eu gostar do extremo oposto. Só que isso agora está muito pesado. A gente não consegue se entender e temos um filho pra criar. Um filho que chora quando a gente briga e que, obviamente, não entende a complexidade que é estar em um relacionamento.

Nós dois tivemos uma infância difícil e estamos na terapia agora. Mas eu me sinto sozinha com uma criança no colo e tentando sobreviver na areia movediça. Não tenho forças. Não tenho minha família pra me amparar. Não tenho comida pronta na geladeira, mas tenho que nutrir uma criança estando eu mesma desnutrida.

Sinto falta de estar com alguém que me olha. Que quer viver e ser feliz comigo. Que pegue uma necessidade minha e ataque como se fosse a coisa mais importante do mundo. Quero alguém que me queira. Que explore todas as camadas do meu ser e se sinta descobrindo um tesouro.

É neste ponto que eu entendo a traição. É muito mais fácil trair do que pensar em todo o processo de separação, conhecer alguém, casar, e cair neste buraco de novo. 

Penso que estou tão nova pra me enterrar assim! Estou tão nova pra “nunca mais” me sentir desejada ou me sentir genuinamente grata por ter aquela pessoa ao meu lado. Estou tão nova pra não me sentir amada. Estou tão nova!

E não quero um relacionamento aberto. Se estiver com alguém, quero estar com uma pessoa só e inteira. Aí eu me lembro que não posso escolher pelo outro.

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