Coluna – Potência e singularidade das maternidades de mulheres pretas

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Mães pretas, o que nos torna diferentes? Não é só a cor. Mas se você acha essa distinção desnecessária, talvez este texto não seja para você. Escrevo para que estas palavras alcancem quem está disposto a ouvir.

Hoje, os olhares são rápidos em julgar. Precisamos ser abrigo, acolher uns aos outros. Estamos no mundo uns para os outros. Não busco convencer ninguém, apenas compartilhar o sentimento profundo e doloroso de uma mãe preta, que, como tantas outras, luta para ser ouvida e vista. Não por likes ou aplausos, mas para que outras se sintam representadas.

Mães pretas carregam uma infância marcada por experiências que não querem para seus filhos. Resistimos para que eles cresçam com autoestima, capazes de dizer “isso não é para mim!” ou “posso ser o que quiser!”. Enquanto algumas mães se preocupam com o horário de volta da balada, nós nos angustiamos se nossos filhos retornarão de uma simples ida à padaria; enquanto muitas se preocupam se estão agasalhados, nós verificamos se estão bem apresentados e com documentos, caso sejam parados.

Miguel, João Pedro, Romeu, Kelly… os nomes mudam, mas o ciclo é o mesmo. Mães pretas estão unidas em uma luta diária, buscando não só sobreviver, mas viver com dignidade. Queremos mais do que mudar estatísticas; queremos viver num mundo onde nossos filhos possam caminhar livres, seguros. Ouvi-las é o maior presente. Acolhê-las é reconhecer sua força. Validar esta luta é o mínimo que esperamos de todos, pois sozinhas, o peso é insuportável.

O mundo é cruel e implacável com nossos filhos, uma crueldade que sentimos a cada instante. Nossos filhos morrem todos os dias, e com eles morre um pedaço de nós. Queremos mudar mais do que números; queremos uma luta que leve à vida, não, à dor.

A luta nos fortalece, mas também nos esgota. Precisamos de um olhar acolhedor, uma escuta afetuosa e abraços sinceros. Às vezes, só parecemos duras. Talvez assim, um dia, possamos finalmente descansar, com lágrimas de alegria se tornando mais frequentes do que as de dor.

Este texto não é só sobre mim, mas sobre todas nós.

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