O que te vem à cabeça quando você lê a palavra “resiliência”? Honestamente, vêm à mente aquelas mensagens de autoajuda que as tias, mães e avós adoram nos encaminhar.
Inúmeras vezes, eu passei batido por essas mensagens, deixei de ler e prestar atenção por ver essa palavra em todos os lugares. Porém, recentemente essa palavra surgiu de uma forma diferente e nunca fez tanto sentido na minha vida como agora.
A palavra “resiliência” é utilizada por nós durante a vida toda. Ela está presente em cada momento difícil e vem de formas, palavras e frases diferentes.
O significado mais bonito e simples que me chamou atenção foi o de comparar a resiliência com uma árvore de bambu. Uma árvore de bambu, muitas vezes, é contorcida com a força do vento, podendo até tocar o chão, mas a certeza dentro dela é de que sempre conseguirá se levantar e voltar à posição inicial. Diferente de outras árvores que resistem ao vento, o bambu passa pelos desafios e sempre volta à sua posição original.
Como mães e mulheres, a gente passa por tantas coisas e sempre encontra uma forma de seguir em frente. Essa forma é a nossa resiliência para continuar.
Viver no passado, buscando respostas para o que aconteceu, me deixou presa nele, sem muita visão de futuro. Passar por duas gravidezes que não foram para frente doeu muito, e ainda dói. Foi definitivamente um vento forte que quase fez minha árvore de bambu tocar o chão e ficar por lá por um bom tempo.
Foi com muita terapia, choro e reflexão que percebi que posso e consigo ser resiliente. E foi com isso que decidi mudar o foco e seguir em frente.
Assim como muitas mulheres, depois da minha perda, eu tentei engravidar para colocar um band-aid na minha ferida. Eu me frustrava a cada mês que isso não acontecia. Me peguei chorando ao ver mulheres grávidas no Instagram ou na rua. Eu estava deixando de viver minha vida, focada em diminuir minha dor. Mas essa dor só aumentava.
Demorou para eu entender isso, mas a mulher forte (outro significado de resiliência) dentro de mim falou mais alto. E a decisão foi mudar minha atenção. Já que continuar no mesmo caminho não era saudável, havia chegado a hora de olhar para outra direção.
Foquei no trabalho. Foquei nesse texto. Foquei na minha filha. Foquei no meu marido. E foquei em mim. E assim minha resiliência se encaixou perfeitamente. Minha árvore de bambu voltou à posição “normal”, e eu voltei a viver sem relembrar minha dor a todo momento, aceitando que é preciso continuar.