Coluna – A terceirização do pensamento de adolescentes para a Inteligência Artificial

O uso da inteligência artificial vem alterando a maioria das atividades que permeiam a rotina de todos, inclusive a dos adolescentes. Durante essa fase, uma das principais alterações é referente às dinâmicas de ensino e aprendizagem e, consequentemente, à forma de desenvolvimento do pensamento.

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O uso da inteligência artificial vem alterando a maioria das atividades que permeiam a rotina de todos, inclusive a dos adolescentes. Durante essa fase, uma das principais alterações é referente às dinâmicas de ensino e aprendizagem e, consequentemente, à forma de desenvolvimento do pensamento.

As vantagens associadas ao emprego de mecanismos de inteligência artificial vêm sendo amplamente alardeadas. É incontestável a praticidade ofertada, levando à otimização do tempo. Foi incorporado no cotidiano das pessoas o acesso imediato às mais diversas fontes de informação. A execução de tarefas vem sendo cada vez mais automatizada. Entretanto, pouco se fala dos pontos de atenção relacionados ao uso dessas ferramentas pela geração que não conheceu o mundo pré-inteligência artificial, isso é, os adolescentes de hoje.

Os impactos da adoção de soluções de inteligência artificial pelos adolescentes são diversos, abrangendo mudanças nas interações sociais, além de aspectos psicológicos, como o imediatismo e a consequente ansiedade. No campo intelectual, um dos principais alertas é a possibilidade de dependência tecnológica, prejudicando o desenvolvimento cognitivo das próximas gerações.

Por exemplo, para fazer um trabalho escolar sobre um assunto, é bastante usual que os adolescentes comecem fazendo uma pesquisa rápida a uma plataforma de inteligência artificial, que entrega rapidamente um levantamento de pontos negativos e positivos, assuntos relacionados e qualquer outra informação demandada, substituindo o bom e velho brainstorm sobre o assunto, a chamada chuva de ideias. Dessa forma, a reflexão sobre o tema utilizando seu próprio cérebro vem sendo substituída por esta prática. É provável que assim esteja sendo criada uma dependência tecnológica, fazendo com que esses adolescentes não desenvolvam autonomia e criatividade para desenvolver suas próprias linhas de pensamento sem o auxílio de inteligência artificial.

Como consequência dessa provável dependência tecnológica, a nova geração tende a ter mais dificuldade para analisar criticamente os produtos gerados por inteligência artificial. Afinal, o desenvolvimento do senso crítico está relacionado ao exercício do próprio pensar, sendo fortemente impactado pela dependência das ferramentas de inteligência artificial.

Assim como a redução de atividades físicas oriunda da utilização de máquinas impactou na formação de massa muscular pelos nossos antepassados, as facilidades proporcionadas pela utilização de inteligência artificial podem comprometer o desenvolvimento intelectual dos nossos adolescentes de hoje. Afinal, assim como os músculos, o intelecto também precisa de exercícios para se desenvolver plenamente.

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