Filhos pequenos tendem a achar a mãe o máximo. Ela costuma ser a pessoa que mais transmite segurança, a figura feminina de maior influência e suas atitudes costumam ser copiadas pelas crianças. Certamente, muito do que os pequenos enxergam na mãe é influenciado pela utopia da mãe perfeita, construída pelo patriarcado. Buscando o lado positivo dessa realidade, é uma delícia ser chamada pela cria de “melhor mãe do mundo”.
Já na adolescência dos filhos, costuma ocorrer o contrário. Tudo o que a mãe fala, faz ou pensa, costuma ser alvo de questionamentos e críticas. Apesar de ser um comportamento usual e esperado dos adolescentes, demanda uma dose extra de paciência da mãe, podendo inclusive abalar a autoestima desta.
Quando eu já estava conformada de ser enxergada pela minha filha adolescente da pior forma possível, fui pega de surpresa com o relato sobre um debate no colégio dela sobre machismo, racismo e outros preconceitos. Segundo ela, muitos colegas criticavam posicionamentos preconceituosos dos próprios pais. Pois ela, ao contrário, orgulhosamente contou a todos que sua mãe, euzinha aqui, além de não ser preconceituosa, também escrevo textos combatendo o machismo.
Confesso que ainda estou tentando assimilar a informação de que desperto admiração em minha adolescente de alguma forma. Enquanto isso, a única certeza que encontrei é que devo continuar escrevendo. Além de todos os motivos para escrever que eu já conhecia, percebi que esse pode ser o caminho para construir uma relação baseada em admiração e respeito mútuo com a mulher que minha filha está se tornando, aplicando em casa o importante conceito de sororidade.