Ao meu filho, Anthony.
Filho, dizem que maio é o mês das mães. Mas, para ser honesta, até hoje eu não aprendi como se comemora a maternidade. Perdoe-me por isso.
Neste ano, você completa doze anos. A infância, aos poucos, vai se despedindo — ao menos na teoria — porque, na prática, você continua sendo o meu menino. E eu não sei até quando será assim. Não digo isso de forma romântica, mas com um aperto no peito. Não me envergonho de sentir essa dor. Também te peço perdão por, às vezes, sofrer diante das suas limitações. Mas saiba: nunca fiz delas uma sentença definitiva.
Doze anos é muito tempo para uma mãe cansada. Mas é quase nada para um menino que tem uma vida imensa e brilhante pela frente.
Filho, eu sinto medo. Medo de não saber lidar com o seu crescimento, com as mudanças no seu corpo, com suas frustrações, suas raivas e seus conflitos. Mas te acolho, porque sei que você também não sabe. E é por isso que eu prometo: vamos aprender juntos, passo a passo.
Lembro de um dia que nunca me saiu da memória. Você caiu de uma escada de dois metros de altura, bateu a cabeça e precisou levar cinco pontos. Eu quase infartei. No entanto, já em casa, com a cabeça enfaixada, você tomava suco e mexia no celular com uma calma inacreditável. Naquele momento, entendi: o mundo nos testa, nos assusta, mas também nos prepara. E você, meu filho, sempre foi forte, resistente, inteiro em si.
Às vezes, eu queria ser tão resistente quanto você. Talvez até seja, mas estou exausta. E, mais uma vez, te peço perdão se em algum momento pareci deixar esse cansaço recair sobre você. Nunca foi sua culpa. Nunca será.
Você nasceu às 23h30 de 8 de julho. Eu estava exausta, depois de mais de dez horas de trabalho de parto. Mas, quando te colocaram no meu colo, deitada no leito, eu simplesmente não consegui dormir. Fiquei te olhando, por horas, a madrugada inteira. Uma enfermeira até brincou: “Pode dormir, mãe… Tá com medo de sequestrarem ele, é?” Eu só sorri. Eu não conseguia desgrudar os olhos de você. E, ali, vi traços do meu pai no seu rosto. Ele teria amado te conhecer.
Dizem que um filho só é importante para a mãe. Talvez seja verdade. O mundo, infelizmente, ainda é duro e cruel com você. Mas sua mãe é teimosa, meu amor. E se for preciso, eu brigo com Deus e o mundo para que você tenha uma vida digna, honrada, feliz. Eu te prometo.
Ser mãe é cansar e ficar, não por amor, mas por falta de alternativas.
E esse amor, mesmo cansado, é o que fica, ele sempre fica.
E não importa se você tiver vinte ou trinta anos: eu sempre vou amar assistir a Toy Story e Procurando Nemo com você — mesmo que seja pela décima vez no mesmo dia.
Com amor,
Sua mãe.
Por Lara Andrade – @alemdoautismo_ @_lar1ca2