Mulheres-mães protagonistas da própria história

Caleidoscópio

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Tenho sustentado a mim e minhas escolhas de forma autônoma, firme e dedicada. Isso também se refere ao meu filho e ao encerramento da relação com o pai dele. E é sobre o pai do meu filho, meu ex-marido, do qual por um tempo foi tão importante para mim que é este texto.

No início éramos apaixonados, aquele casal fofo, inexperiente e tolerante. À medida que o nosso filho foi crescendo, ele desenvolveu inveja e ciúmes das conquistas do filho e do meu crescimento profissional e, ao mesmo tempo, insatisfeito com as próprias coisas e conquistas. Diante disso, pedi que fosse ao psiquiatra e psicólogo. As medidas foram eficazes, mas a situação era grave. E se agravou ainda mais com questões familiares que fugiram totalmente do que já estávamos enfrentando.

Enfim, a separação chegou com a ideia de que poderíamos ser amigos. Que poderíamos seguir família, priorizando nosso filho. E conseguimos sustentar isso durante um tempo. 

Talvez este texto é sobre como chegamos até o momento em que ele aponta o dedo para o filho no meu colo, após eu me recusar a conversar com ele sobre abrir mão desse feriado, e novamente ficar com o filho (ameaçando que vai fazer o garoto me odiar).

Talvez esse seja o texto sobre o momento que eu fico chocada e sinto uma dor devastadora. Talvez. Ou talvez, seja um texto sobre digerir e ver que eu não cai. Mesmo sob fortes tremores, raios e trovões. E que em vez de querer morrer deitada na minha cama deprimida, eu imediatamente liguei para o advogado da guarda e pensei sobre fazer um B.O. contra essa canalhice.

A verdade é que eu tenho parte em não querer conversar, e em insistir que meu filho tenha pai, mesmo que o pai não queira ser pai, mesmo que o pai seja “torto”. É tão difícil. É sobre a luta da ponderação constante entre o que é melhor para mim e o que é melhor para a criança. A grave situação que o pai se coloca e eu me retiro. Ameaças de uma alienação parental que não se sustenta.

Uma pessoa que se acha super poderosa capaz de fazer meu filho sentir alguma coisa sem ter o menor olhar crítico a realidade não é a influência que eu gostaria para o pequeno. Porém é essa a realidade, esse é o pai que ele tem.

Continuo a caminhar, com dor, mas também sabendo que tenho condições de enfrentar, acesso a advogados e terapia a mim e ao pequeno. O que faz o caminho mais fácil é poder dividir com quem me recebe, me orienta, me ajuda.

Em algum momento, na hora boa, planejo a guarda unilateral, sem minar meu futuro, meu sustento, minha saúde física e emocional. É um privilégio que poucas mães solos tem. 

Talvez esse seja um texto sobre gratidão.

Só sei que nesse Caleidoscópio eu vou virando o ângulo e deixando as peças se organizarem como uma bonita mandala que evidencia a força que carrego por dentro e a integridade que coloco para fora.


Autora: Miriam C. M. – Instagram: @notasobremiriam.

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