Eu não sei explicar o que é ser mãe, o que é ter um filho. É uma coisa tão extraordinária! Eu espero que você consiga se desvencilhar um pouco da rotina, que não preciso aqui descrever, pois você sabe muito bem do que estou falando, que você consiga se afastar um pouco desse tsunami e perceber o quão divino é isso!
Pare e escute, e sinta que você é a montanha que se move. É o vulcão que se acalma, é a brisa que sopra intuições. É a faixa de areia pra quem está em uma tempestade em alto mar. Se reconheça e reconheça a sua posição nessa história toda. Você transformou, com a força da sua alma e do seu corpo, algumas células em uma pessoa. E se você não transformou através do seu corpo, você fez através do seu desejo.
É difícil, eu sei, também sou mãe, e tem dias que é impossível, tem dias que nosso esforço pra ser melhor é quase sobre-humano. A gente para e pensa em todas as dificuldades que enfrentamos, algumas em comum, outras tão individuais. Algumas seculares, outras tão contemporâneas.
Depois que me tornei mãe, ando pensando muito nas minhas ancestrais e em todos os sentimentos delas com relação aos seus filhos e filhas. Minha avó teve 12 filhos, e esses dias me peguei imaginando em como ela se sentia toda vez que descobria uma nova gravidez e como isso e sua relação com seus filhos e filhas pode, de alguma forma, me influenciar hoje.
Eu tento todos os dias honrar as escolhas que posso fazer, mas que não puderam ser feitas por mulheres que vieram antes de mim. Se eu posso escolher, eu escolho dançar com meu filho. Eu escolho olhar pra mim e ver que continuo seguindo, mesmo às vezes frágil, mesmo chorando, mesmo cansada. Eu escolho olhar para o que me tornei e dar boas-vindas, e dizer: que bom que você chegou, senta aqui, esperei tanto por você.
Que alívio é se reconhecer, se reconectar. Isso pode demorar, pode ser rápido, você pode ser perder em algum momento e precisar de um tempo até se reencontrar. Mas, acredite, isso acontece. Esses dias li que precisamos, algumas vezes, deixar quem nós já fomos um dia, lá onde está, no passado. A frase “quem me conheceu antes de ser mãe, precisa me conhecer de novo, pois sou outra pessoa”, nunca fez tanto sentido.
Então, celebre a novidade! Celebre sua surpresa com você mesma! Celebre seu renascimento! Quando eu renasci, no amor do meu filho, eu raspei a cabeça. Como quem diz: nasci de novo! Olhem pra mim e vejam, estou aqui e seguirei!
Pra você que já renasceu tantas vezes, esse é só mais um renascimento. O maior de todos, o mais significativo. Desejo que você veja o que deve ser visto, escute o que deve ser escutado e que saiba que você é sagrada. Que você consiga, no meio dessa loucura que é ser mãe, se amar! Não demore a se amar, se demore se amando!
Por Katy Godoi – @katygodoi