O Narcisista e uma “ex boa vítima”

Thomas Gaertner WLMeMnLBEzQ Unsplash

Primeira vez que começo uma escrita sem sentir a dor de ser a vítima. Não foi dessa especificamente, mas fui de outros. E, pela primeira vez, em quase 30 anos, pude observar os sinais que são claros e nítidos. Mas, para me defender do porquê das outras vezes os sinais não serem tão nítidos, eu te explico: a vítima foi feita para esse perfil. São mulheres que, aparentemente, são fortes, bem resolvidas, que parecem felizes e estáveis. Não sei se é algo inconsciente, mas perfis assim chamam a atenção deles. E, com isso, eles criam uma super meta: estar na vida dessa pessoa.

Ele aparece como um perfil resolutivo. Ele consegue resolver. Ele consegue te ajudar. Ele precisa que você se torne dependente do afeto dele para, preste atenção, te dar o mínimo possível.

Esse é o modo como ele alimenta seu próprio ego. Quando ele percebe que já conseguiu alimentar, ele mina sua autoestima e você se torna descartável. É como se o tesão dele se concentrasse puramente e exclusivamente na conquista e quebra do seu poderio pessoal. Por isso, eles escolhem mulheres fortes.

Até então, eu sempre fui a vítima perfeita, sempre procurando o amor avassalador inexistente e me mantendo cega a todos os sinais. Dessa vez, o abusador sentia prazer em contar histórias de negligências emocionais: como ele iludiu fulana, como ciclana achava que eles estavam namorando, como beltrana era maluca… e eu reconheci todos os outros nele.

Ele vinha, dava pequenas migalhas de afeto, se tornava útil, sumia. Eu me afastava. Ele via que não tinha me afetado, afinal, sou uma mãe atípica. Ele voltava, oferecia sua pequena migalha de afeto. E isso durou um funk ano. Juro.

No começo, eu fazia o que toda boa vítima faz: me culpava. Depois, eu comecei a justificar todos os seus sumiços, com mais culpa. Por trás, por trás do sumiço, existia a chantagem emocional de que eu nunca tinha tempo para o alecrim dourado, me fazendo ficar com muito mais culpa.

Os sinais eram os mesmos. E lá estava eu, agora uma péssima vítima, por já reconhecer todo seu modus operandi, e ele, o caçador de vítimas emocionais.

Autora: Bibi Francisco – @_bibifer

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