Se você chegou até aqui e está lendo este artigo, é porque teve uma gestora dentro de casa.
Sabe aquela pessoa que dedicou seu tempo aos cuidados, saúde, alimentação, educação e otras cositas más, a um ou mais membros da empresa chamada Lar? Sim, é dela que estamos falando: a mãe. Ou da pessoa que teve essa representatividade na sua vida.
A chegada da maternidade insere em nós, mães, em um turbilhão de sentimentos, experiências e novas habilidades outrora não experimentadas:
Aprimoramos o poder da escuta, ao despertar às 3h da manhã, com um espirro ou tosse vindo do quarto da criança.
Desenvolvemos a gestão de tempo, ao conciliar várias tarefas simultaneamente: lavar roupa, limpar a casa, cozinhar, ir ao supermercado. Estas demandas, em sua maioria, estão a cargo da mãe.
Proatividade. A maternidade nos lança desafios diários que exigem rapidez e proatividade: bebê subindo pelas escadas, bebê escalando o berço, criança metendo o dedo na tomada, criança comendo terra do chão. São situações rotineiras e em sua maioria, inesperadas, que requerem agilidade na tomada de decisões.
Visão panorâmica e atenção aos detalhes quase entram no patamar dos superpoderes, haja visto que nos permite estar atentas e identificar um problema antes mesmo que ele ocorra no meio corporativo, digo, no lar…
E por falar em problemas, a maternidade apresenta desafios que, sob o olhar de quem está de fora, podem soar simples, mas que, na verdade, demandam muita criatividade, controle emocional e habilidade de comunicação: os conflitos internos. Com o coleguinha da escola, com o irmão mais velho… é um “Deus nos defenda” quase que diário, sobretudo ao ter mais de um filho. Aí são necessárias boas doses de paciência, senso de justiça e imparcialidade, para que, no final, nenhuma das partes se sinta menos amada ou entenda que a outra foi mais privilegiada.
Criatividade e bom humor também entram na lista das habilidades comportamentais que o maternar nos confere. Qual mãe de filhos pequenos não teve que se desdobrar em criatividade para entreter os pequenos em casa porque estes estavam impossibilitados de ir à escola, ao parque, à casa dos primos, durante a pandemia?
E claro que eu não poderia deixar de fora dois itens extremamente valorizados em um perfil profissional qualificado e que estão presentes nas habilidades maternas: foco e determinação.
Quando nasce um filho, nasce também uma líder determinada a lutar por melhores condições para aqueles que dela dependem, e estas melhores condições se estendem à busca pela ascensão profissional.
Não se impressione, você gestor, se em sua equipe de trabalho tiver aquela profissional que além de mãe, é estudante, e uma das mais competentes na entrega de resultados.
Triste retrato revela que mulheres que são mães ainda sofrem em um mercado de trabalho preconceituoso
Nós, mulheres, representamos 54,5% da população economicamente ativa do Brasil e ainda assim, sofremos preconceito, quiçá constrangimento no ambiente de trabalho e em processos seletivos pela simples condição de sermos mães, como mostram recentes pesquisas.
De acordo com Janaína Feijó, pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas,
“Isso acontece porque, historicamente, as atividades do lar e a maternidade estão muito associadas às mulheres e, quanto mais tempo você está fora do mercado de trabalho, você está deixando de ganhar experiência. Então também fica mais difícil para elas se reinserirem devido passarem a ter uma baixa empregabilidade.”
Um trabalho como qualquer outro
A responsabilidade de criar seres humanos éticos, responsáveis e autônomos é um trabalho tão árduo e valioso, eu diria que até mais árduo e valioso, que qualquer outro trabalho, com a simples diferença de não sermos remuneradas para isso e, por estarmos invisíveis aos olhos da sociedade.
Você, mulher e mãe, já havia parado para pensar em quão valiosas são suas habilidades maternais na esfera profissional? Em quantos soft skills desenvolvemos e aprimoramos diariamente e de forma natural, e que nos converte em profissionais altamente qualificadas para desempenhar os mais diferentes cargos e funções?
A partir de agora, mamãe, quando se deparar com aquele campo do currículo, ou pergunta do processo seletivo que indaga: – Quais são suas habilidades pessoais? Simplesmente responda: SOU MÃE.
Por Patricia Barbosa – @patibarbosa.br
