Para quem é responsável por criança em idade escolar, o início do ano é sempre uma época de grandes despesas. Cadernos, lápis, uniforme e tantos outros itens comuns a essa fase da vida. Algumas listas são enormes, outras mais simplesinhas. No entanto, que criança não gosta de ganhar material novo? Principalmente se for com a estampa do seu desenho favorito.
Aqui em casa a compra foi em dobro esse ano, pois o caçula também irá para a escola! E, se aproveitando dos conhecimentos empíricos adquiridos com a experiência do irmão mais velho, o pequeno me “fez” alguns pedidos: uma mochila do Hulk, a lancheira do Hulk, o estojo do Hulk, etc… Como mãe boba e sentimental, comprei! Mas, daí o mais velho quis trocar de mochila também e eu…comprei!!!. Julgamentos à parte (se fiz ou não a coisa certa!), a discussão que me trouxe aqui não foi sobre os valores monetários gastos – porque, felizmente, tenho um emprego estável e a compra dos materiais escolares foi dividida com o pai deles. Mas, enquanto etiquetava cada item do material, fiquei refletindo sobre o valor (e não o preço!) das coisas!
Me deu tanto prazer e satisfação organizar cada coisinha…a cada caderno encapado, cada lápis etiquetado, coloquei todo o meu amor e minha vibração para que meus filhos tenham um bom ano na escola, para que façam novos amigos, para que respeitem os professores, para que sejam felizes como eu fui na minha vida escolar! Porque há coisas na vida que não tem preço, mas o valor é inestimável!
Infelizmente, nem todos conseguem compreender dessa forma. E foi por isso que tive que ouvir reclamações sobre o preço de alguns item, porque uma caixa com 24 lápis de cor que durarão o ano todo custar R$ 20,00 (da marca mais barata) é um absurdo para uns, mas pagar R$ 30 numa sessão de cinema (de 2 horas) é lazer. Ou, ainda, gastar R$120 no kit de mochila + lancheira + estojo do super herói é caro, mas pagar R$100 num lanche no Madero Burguer é um prazer.
E, então, “me” pergunto: quanto vale o bem estar de um filho? Quanto custa para estimular um filho a apreciar os estudos, incentivando – também – por meio de materiais agradáveis e bem cuidados?
Sei que muitas ressalvas cabem nessa reflexão – tenho ciência de muitas delas (ex: crianças fora da escola, pais desempregados, famílias passando fome, escolas sem o material básico de manutenção, etc). Sou professora na rede pública e acompanho de perto as misérias e mazelas da parcela mais pobre da população. Ainda assim, relativizando os contextos, arrisco-me a dizer que a maioria de nós prepara o material escolar dos filhos com muito zelo e dedicação.
Seja o toco de lápis que sobrou do ano passado ou a caixa de 24 cores que meu filho irá usar (coisa que eu mesma nunca tive na vida!), ao preparar o material do filho, depositamos ali todas as nossas esperanças porque a escola ainda é um espaço de transformação: de vidas, de sonhos e, com fé, de uma nação!
Pouco importa quanto você pode gastar no material do seu filho, valorize esse momento! Lembre-se: estarás fazendo o seu melhor pela(s) sua(s) criança(s).
Autora:
Cláudia Cristina de Oliveira Pereira, mãe solo do Enrico e do Vittorio, professora na rede municipal de São Paulo na área da Educação Especial e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Insta: @claudiacopereira