O grito silencioso de um ninho inesperadamente vazio

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Por: Karina Ceci – @karina.ceci

Há meses, que o coração grita de dor em um luto silencioso. A rotina familiar está sendo modificada de forma inesperada, sem a preparação ou a clareza necessária. E o que angustia é a sensação de que outra pessoa está levando embora uma das partes mais importantes da minha vida.

No entanto, a dor sentida não é apenas pela ausência física. O que realmente dilacera é a maneira com que essa parte de minha vida, depois de 23 anos, está deixando o lar. Sinto em meu coração de mãe o sofrimento futuro, por não ser da maneira planejada, ensinada e orientada. A saída está sendo feita sem a estrutura financeira necessária para iniciar a vida a dois, levando-o a depender da família da parceira.

Sei que a vida nos presenteia com essas surpresas, mas neste momento, a realidade está difícil de aceitar. O estado emocional se reflete na angústia que leva o coração a acelerar, atingindo o sono, alterando completamente o humor e o meu comportamento com todos ao redor. Gostaria de dizer que estou bem, mas infelizmente, não é assim que a vida se apresenta agora. Estou enfrentando uma dor profunda, que mistura a perda do papel materno diário com o medo genuíno pelo bem-estar e o futuro do meu filho.

Reconheço que a tristeza e a ansiedade me afetam profundamente, por vê-lo tomar decisões arriscadas e imaturas, especialmente por envolver o abandono de responsabilidades importantes, como a faculdade.

A dor está sendo encaminhada para além da dor do “ninho vazio”, levando-me ao desespero de uma mãe que antevê o sofrimento por ele trocar uma vida com responsabilidades para brincar de casinha. Mas tenho consciência que ele tem a liberdade de fazer suas escolhas, e a parte mais importante é reconhecer que, às vezes, o maior aprendizado vem do erro.

Preciso ficar afastada, mesmo o amando, para que eu possa cuidar de meu emocional e assim deixar com que as portas permaneçam entre/abertas; permitir que o orgulho e a mágoa não permaneçam e não se tornem base de nossa relação. O desafio agora é imenso, ao tentar fazer com que a dor não estremeça meu amor por eles.

Por mais que eu discorde da sua escolha e tema pelo sofrimento que poderá surgir, tentarei permitir que meu colo volte a ser um porto seguro e não um tribunal. Assim, quando ele precisar, meu colo será um porto de reavaliação e direção do seu voo. Desejo e peço a Oxalá que até lá eu esteja bem e possa estar forte para acolhê-lo.

O meu silêncio será meu grito de amor.

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