Mensalidades da escola; apostilas (parceladas); convênio médico; transporte escolar; terapias do filho mais velho; alimentação; medicações de uso contínuo dos meninos; luz; internet; condomínio.
Essa é uma pequena lista dos gastos mensais que tenho. Felizmente, como funcionária pública, meu salário não foi afetado (graças a Deus, graças a Deus…já falei graças a Deus?!)
No entanto, sabemos que manter o pagamento das despesas não tem sido tarefa fácil para grande parte dos lares brasileiros – especialmente para as mães solo! Dentre tantas polêmicas sobre o desemprego e as escolhas maternas (entre sobreviver com salário ou sobreviver sem salário), me peguei num conflito que, por instantes, me tirou o sossego.
Estamos resguardados em casa há mais de 100 dias – somente eu e meus dois filhos. E nesse tempo todo, paguei e continuo pagando todas as despesas. A escola me ofereceu um desconto. Mesmo não frequentando o ambiente físico, os meninos continuando realizando as aulas virtualmente. As terapias têm sido realizadas virtualmente e contamos com o apoio e pronto atendimento de cada profissional a qualquer hora do dia! A condutora do transporte também me ofereceu um desconto, mas esse serviço não utilizamos e – provavelmente – não utilizaremos pelo resto do ano.
Daí, me vi diante de um dilema: porque continuar pagando por um serviço que sei que não utilizaremos? Confesso que pensei que seria uma possibilidade de economia, que poderia reverter para outras áreas como a alimentação (já que os “draguinhas” aqui de casa só faltam comer o reboco das paredes!).
No entanto, rapidamente despertei para a realidade e me coloquei no lugar da condutora, que também tem seus filhos e sua casa para manter. Lembrei-me que temos uma tia na família que trabalha com transporte escolar e tem enfrentado sérios problemas financeiros devido a desistência do serviço por parte dos pais de seus alunos.
Talvez, envolvidos na lógica de que se não recebe o serviço, não paga, se sintam em sua razão (e não discordo, é uma questão de escolha e contexto pessoal!). Mas eu, mãe solo, responsável pelas despesas do meu lar, decidi manter o pagamento porque sei que minha atitude influenciará diretamente a vida dessa condutora.
Na escola dos meninos, muitos pais já rescindiram o contrato – por falta de condições financeiras mesmo ou por precaução e prevenção até a situação ser “normalizada” – e o dinheiro, assim, economizado. Sabemos que as escolas particulares de Educação Infantil foram as mais afetadas.
Felizmente, do meu lugar privilegiado de funcionária pública, eu posso manter meus compromissos financeiros. E, resolvi escrever para fazer esse apelo: não descarte um serviço que você tem condições de manter, apenas para evitar o gasto mensal.
Pense que sua contribuição está ajudando a colocar comida na mesa da família desse prestador. Auxilie os profissionais autônomos. Comprem das mães empreendedoras que estão se reinventando a cada dia para garantir o leite dos filhos.
Nessa época de caos social, seja a mão amiga, a mente consciente, mantenha a postura solidária, olhe para o próximo com amor e compaixão. Todos estamos fragilizados, cansados, assustados e duvidosos – não sabemos como será o amanhã. Mas o que puder fazer, faça hoje! Ajude hoje! Pague hoje! Contribua com os projetos sociais que estão desesperados para manter suas ações. Tantas famílias dependem dessa ajuda! Seja você a estender a mão.
Não tem dinheiro? Compartilhe os vídeos e fotos dos produtos artesanais, dos projetos das instituições, dê likes/ compartilhe/ comente as publicações, divulgue os serviços das amigas, enfim…sempre é possível auxiliar!
Sigamos confiantes! E, se puder, não deixe de ajudar!
Autora: Cláudia Cristina de Oliveira Pereira, mãe do Enrico e do Vittorio. Licenciada em Pedagogia (UNESP), Mestre em Ciências: Educação e Saúde (UNIFESP) e Doutoranda em Educação (USP). Insta: @claudiacopereira