Entre telas e abraços

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No reflexo brilhante da tela, vejo meu filho.
Seus olhos, tão curiosos, exploram o universo digital com a naturalidade de quem já nasceu conectado.
E ali, entre um toque e outro na superfície fria, sinto a urgência de um abraço quente.

A tecnologia, com suas promessas de conexão, preenche lacunas, mas também cria abismos.
O futuro da maternidade parece se desenhar em pixels:
um aplicativo para registrar febres,
uma câmera que vigia o sono,
uma voz robótica que conta histórias.

Mas quem ensinará sobre o cheiro da terra molhada após a chuva?
Sobre o peso do silêncio em um abraço que não precisa de palavras?

As telas, por mais mágicas, não têm cheiro, não têm textura,
não trazem o calor das mãos dadas em uma caminhada no parque.

Entre notificações e sons artificiais, às vezes me pergunto:
será que a maternidade de hoje está se tornando um jardim virtual,
onde cultivamos momentos, mas esquecemos de sentir o cheiro das flores?

Há beleza na tecnologia, não nego.
Ela nos dá ferramentas, atalhos, pontes.
Mas nenhuma ponte será longa o suficiente
se não levar ao coração de quem amamos.

O desafio, talvez, seja este:
ensinar nossos filhos a usar as telas como janelas para o mundo,
e não como muralhas que nos afastam da essência.

Que eles aprendam a digitar, sim, mas que saibam o valor de uma palavra dita, olho no olho.
Que possam explorar o infinito digital,
mas nunca se esqueçam de como é pisar descalços no chão do real.

E assim seguimos, mães do futuro,
tentando equilibrar o brilho frio das telas
com o calor insubstituível do amor.

Porque, no fim, o que fica não é o que está na nuvem,
mas o que permanece no coração.

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Autora: Dhebora Hevelin – @dheborahevelin

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