Em 2014, com 30 anos e com um filho de 4 anos, fui aprovada no curso de Engenharia de Materiais, em uma Universidade Federal. A oportunidade era única e foi agarrada com todas as forças. Já estava há dez anos parada nos estudos e, simplesmente, resolvi fazer o ENEM naquele ano para atualizar-me nas provas. Com muito entusiasmo, imaginei que seria fácil conciliar a maternidade com a graduação. Enganei-me! Nunca achei que seria tão cansativo e a cada dia que passava a vontade de desistir era maior.
A lida era intensa, acordava às 5 horas, fazia o café, arrumava o filho e ia de bicicleta deixá-lo às 7 horas na escola. 11h30 era hora da saída e lá estava eu para buscá-lo. E, claro, retornar à faculdade, com ele me acompanhando, já que o curso era integral. A bike ficava trancada no cadeado na frente da escola. Quando o relógio marcava 17 horas, saíamos da faculdade. Direto para casa? Não! A bike ficava no cadeado em frente a escola. Então, descia primeiro na escola para, então, ir pedalando até em casa com ele na garupa.
Chegando em casa tinha que organizar os deveres da escola do filho e as atividades e trabalhos da faculdade, com a responsabilidade de cumprir prazos. Assim foram 5 anos nessa rotina cansativa. Entre as inúmeras dificuldades enfrentadas como graduanda: não poder participar de Programas de Iniciação Científica, congressos e entre outras atividades curriculares que fizessem ter pontos para uma futura pós-graduação. Mas nas vezes que pensei em desistir, olhava para meu filho que estava dormindo no colo e buscava forças. Sempre encontrei uma certeza: todo aquele esforço era para ele.
No último ano de graduação entrei para o Projeto STEAMS em que as atividades, encontros e reuniões eram on-line. Participei de workshop, congressos, semanas acadêmicas e consequentemente, comecei a publicar nos eventos, ganhar prêmios de melhores trabalhos e consegui um capítulo de livro. Muitas foram as horas na participação neste projeto. Desta forma, consegui pontuações para ingressar no mestrado.
Conclui minha graduação com muitas experiências como mãe e estudante. Hoje sou mestranda do Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica na Universidade Federal do Pará, com a linha de pesquisa em Caracterização e Processamento em Materiais.
Por Silmara da Conceição Morais – @silmorais24