A gente muda por fora, mas a alma ainda é a mesma. A gente tá diferente por fora, mas continua gostando daquele vestido no manequim, ainda gosta de lingerie vermelha de renda, mas elas deixam de ser para gente.
Vida pega um ou outro; ela não faz com todo mundo; ela cala um ou outro; não são todas as mulheres que vão parar de usar salto. Não são todas que vão perder a cintura. Eu olho de longe, eu rio de longe, eu guardo fotos minhas de biquíni que só eu vou ver. Eu me tornei a polêmica e nunca posso contar quem eu sou. Eu nunca posso dizer que engravidei aos 16, porque daí sou imatura e puta. Eu não posso entrar em uma conversa de maternidade porque a minha vez não conta para as outras mulheres. Minha experiência é sem valor.
Eu nunca posso usar um biquíni na praia que daí perguntam o que aconteceu comigo. Eu nunca posso usar uma calça jeans sem uma blusa enorme que perguntam se estou grávida. Eu nunca posso vestir um cropped que me olham como se eu fosse sem lógica. Eu só posso olhar e salvar as imagens no celular, de todos os biquínis que achei bonito, de todas as calças de jeans que eu queria usar. Mas estou aqui usando uma saia solta de espástico, torcendo para que ninguém me note. Eu tenho sempre que torcer para ninguém me ver toda vez que eu coloco uma roupa que eu quero. A verdade é que eu queria ser notada sem polêmica. Eu queria só entrar e comprar uma calça jeans. Eu só queria isso e ser notada para receber um elogio, como “Nossa, ficou linda essa calça em você”.
Por Natasha Fabiana – @natasha.fabianacam