Home office e maternidade: a sobrecarga que ninguém vê

Além das tarefas da empresa, preciso ser mãe, lavar, cozinhar, arrumar a casa… Mas, além do trabalho e das tarefas domésticas, tem os estudos também. Muitas vezes, acabo fazendo várias dessas tarefas ao mesmo tempo e, mesmo assim, não dou conta de tudo. Sabe por quê? É IMPOSSÍVEL!

Home office e maternidade: a sobrecarga que ninguém vê

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Home office é uma modalidade de trabalho que se tornou mais popular depois da pandemia. É uma maneira prática de reduzir custos e ter mais flexibilidade. Mas, quando você é mãe, esse tipo de trabalho, a princípio, parece uma ótima maneira de ficar mais tempo com as crianças, mas também pode ser o causador da sobrecarga e do burnout materno.

O burnout materno é uma síndrome causada pelo excesso de tarefas e responsabilidades. Com o tempo, além do esgotamento físico, também gera esgotamento mental.

Eu trabalho em home office desde quando fiquei grávida da minha primeira filha. Isso foi em 2020, justamente no período da pandemia. Uma das coisas que sempre priorizei foi tentar nunca delegar a criação dela para outras pessoas. Hoje, já tenho minha segunda filha e continuo trabalhando em home office. É prático poder fazer seu próprio horário e ficar mais perto das crianças… No entanto, estar em casa não significa estar disponível.

Muitas vezes, fico sentada em frente ao computador resolvendo coisas do trabalho enquanto minhas filhas me chamam para brincar. É um misto de estar perto e estar longe ao mesmo tempo. Às vezes, imploram por uma atenção que, em determinado momento, não posso dar. Essa é a realidade de uma mãe com a mente e o corpo exaustos e o coração partido.

Além das tarefas da empresa, preciso ser mãe, lavar, cozinhar, arrumar a casa… Mas, além do trabalho e das tarefas domésticas, tem os estudos também. Muitas vezes, acabo fazendo várias dessas tarefas ao mesmo tempo e, mesmo assim, não dou conta de tudo. Sabe por quê? É IMPOSSÍVEL!

No início, eu me sentia uma mãe péssima e uma esposa pior. Eu estava de frente para o computador resolvendo as demandas do dia e, ao mesmo tempo, balançava o carrinho de bebê com um dos pés. Entre uma nota fiscal e um e-mail respondido, já pensava no almoço do dia e nas roupas que precisava lavar. Em outro momento, precisava parar tudo, pois tinha que ninar a bebê no colo, que já estava chorando. Olhava a louça na pia, mas, quando a bebê se acalmava, o telefone começava a tocar com mais demandas do trabalho.

Fazia a bebê dormir, corria para lavar a louça, tentava varrer a casa toda, a comida já estava no fogão. O telefone tocava e a bebê acordava. Lá vou eu para a frente do fogão com a criança nos braços. Comida pronta! Volto para o computador, amamentando a bebê. Ainda tenho tanto a fazer… Não passei pano na casa, não tirei o pó… Anoitece e eu estou exausta. Sensação de que não fiz nada o dia todo. Me sinto culpada por não dar conta de tudo. DE NOVO!

Uma das coisas mais difíceis, além da exaustão, é sentir que nossa dor é invisível. O marido chega do trabalho e pergunta o motivo de você estar tão cansada, já que “ficou em casa o dia inteiro”. Ou até mesmo alguns parentes apontam erros, mas nem sequer se oferecem como rede de apoio.

Por muito tempo, eu me culpei, e isso me fazia tão mal… Eu estava exausta, triste. O que me fez despertar foi perceber que isso afetava minhas filhas também. Quando estou exausta, não tenho paciência — ninguém tem. Percebi que estava errando com elas. Eu estava em casa, mas, no tempo que poderia estar disponível para elas, eu ficava estressada e sem conseguir dar atenção. Isso me quebrou, e eu precisava fazer alguma coisa.

A primeira coisa que fiz foi assumir que não vou dar conta de tudo. E está tudo bem! A jornada de uma mãe é surreal. Percebi que, se queria que as pessoas ao meu redor enxergassem o que eu passo, eu deveria ser sincera comigo mesma e assumir isso. Outra coisa: assuma que está cansada e que precisa de ajuda. NÃO SE CALE!

Hoje, prezo muito pelo meu autocuidado, porque, quando respeito meus limites, me sinto melhor.

Não é fácil, mas aprendi a tirar um tempo para mim. Hoje em dia, isso é sagrado! Eu me cuido, faço skincare. Posso estar cheia de tarefas, mas, se precisar parar, eu vou parar. Respiro fundo, relaxo… O que posso delegar, eu delego. O que preciso fazer sozinha, eu planejo, revejo e coloco o marido para “arregaçar as mangas” comigo.

Criar uma rotina é bom, mas quem é mãe precisa de uma rotina flexível. Assim, a gente se cobra menos e não fica tão nervosa. Outro ponto: gosto de deixar as tarefas mais importantes para quando as crianças estão na escola. Já as tarefas de casa, algumas eu delego e outras faço com a ajuda das minhas filhas. Assim, elas aprendem e, ao mesmo tempo, ficam perto de mim.

Vamos nos cansar, não tem jeito. Mas procure se cuidar para não se sobrecarregar. Para cuidar, você precisa estar cuidada.

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