– benzinho me ajuda a carregar as sacolas?
– benzinho ajuda a recolher seus brinquedos do chão
– benzinho ajuda a tirar os pratos da mesa
– benzinho vai fazer seu dever de casa
benzinho, benzinho, benzinho….
A mãe do filme Benzinho, a Irene, sou eu quando grito com as crianças porque estou exausta.
A mãe do filme benzinho sou eu emocionada de ver o filho crescendo.
A mãe de benzinho sou eu curtindo a farra com a família e de repente se lembra dos horários e compromisso e ordena: “vamos logo, todo mundo, vamos arrumar isso tudo agora, porque não vai dar tempo. Vai levante logo daí, me ajuda”.
A mãe de benzinho sou eu mudando de opinião o tempo todo.
A mãe de benzinho sou eu torcendo contra e a favor.
A mãe de benzinho sou eu dançando com fone de ouvido chamando os filhos pra dançar junto.
A mãe de benzinho sou eu chorando no chão da cozinha.
A mãe de benzinho sou eu descarregando em um filho a chateação com o outro.
Eu me vi em todas as falas e gestos da Irene, desde os gritos de loucura e cansaço, até o sorriso desconfiado no canto da boca, o olhar de espera, o aplauso a um filho, pensando em outro. Quanta complexidade, ambivalência, força, fraqueza, cabe dentro de uma mulher?
O cenário é todo nosso. A casa que se desfaz. A porta que emperra. O entrar pela janela. As rachaduras na parede. A irmã fazendo marmitas. As mulheres se protegendo contra a violência doméstica. O marido/pai amoroso, porém, ausente. A falta de grana. A torneira quebrada. O vazamento. A entrega dos convites para a tão sonhada formatura da faculdade realizada depois de quatro filhos. A visita cheia de carinho a patroa que se mostra indiferente. O orgulho do diploma. A despedida de um filho que cresce e toma seu rumo. As memórias, as distâncias. O filme é de um tanto, é sobre nós. É todo nosso
O filme é de 2018 e vale a pena alugar no youtube por quatro reais. Assistam Benzinho; é lindo lindo.