COLUNA | Forte como uma mãe

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Esses dias estava pensando em como é difícil ser mulher, mesmo vivendo no século XXI (o que cada vez mais tem se provado não querer dizer nada, já que a esmagadora maioria das pessoas parou em 1900).

Quando somos pequenas não podemos sonhar em ser lutadoras de boxe porque: “somos muito frágeis e fracas”; quando somos adolescentes não podemos sair na rua de saia curta em um calor de “50 graus” porque: “moça saindo assim de casa está pedindo pra acontecer algo ruim”; e em nossa maturidade não podemos ficar sozinhas romanticamente porque: “vai ficar pra tia e virar uma mulher amargurada”.

E quando nos tornamos mães? A lista aumenta vertiginosamente. Não podemos sair à noite porque somos más mães; não podemos engordar porque vamos perder o marido (e ficar para a tia e virar uma mulher amargurada); não podemos dizer nada de mau a respeito da maternidade, que somos ingratas pelo filho que temos nos braços e ouvimos: “ah coitadinho de fulano, tem que ter uma mãe dessas”.

Morando fora, eu tenho a impressão de que a sociedade aqui espera que eu me adeque às expectativas de uma mãe daqui. É difícil não cair em estereótipos nesse caso, mas vivo em um país em que nunca vi um médico sequer falar, por exemplo, de BLW; ou quando questionado sobre o assunto simplesmente não sabe o que é; ou diz que é invenção do capiroto tal maneira de introdução alimentar.

E se o sonho da minha vida era fazer BLW com meu filho? A quem devemos ouvir numa situação dessas? Em quem podemos nos sustentar? Eu demorei muito tempo para chegar à conclusão de que: ninguém no universo sabe o que é melhor para os nossos filhos do que nós mesmas; e ninguém tem ideia das condições ou situações que se passam em nossos lares para termos o comportamento materno que temos.

Acredito que por passarmos tantas provações e situações, no mínimo bizarras, pelo simples fato de sermos mulheres, mesmo em situações puerperais conseguimos tirar forças das profundezas do nosso ser para lutar pelos direitos dos nossos filhos e pelo direito de exercermos a maternidade que sonhamos para nós.

E não deveria ser assim. Ser forte por necessidade, ser “guerreira”. Acho cruel o mundo colocar a mãe numa posição em que ela tem que se sentir culpada por tudo, em que ela tem de ser responsável por cada detalhe da vida de um ser humano e lhe dar o título de “guerreira” (e uma rosa no dia das mães ou no dia internacional da mulher…).

Nunca devemos deixar que mães sejam vistas como seres frágeis, mulheres diminuídas e invisibilizadas pela sociedade por carregar um filho nos braços! Devemos sim, ser guerreiras, verdadeiras leoas que somos, para proteger nossos filhos, resgatá-los dos perigos iminentes que se descortinam sempre por aí; mas sejamos fortes por nós e por eles, não para saciar as vontades dessa sociedade doente de hoje.

Texto revisado por @tevejomae.

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