Olá, Mãe divorciada, tudo bem?
Há tempos anseio conversar contigo.
Assim como pensei, talvez tenha imaginado o casamento como algo para sempre e o sempre era para ter longa duração.
Foram anos comprometida em fazer tudo dar certo, mesmo quando algo não parecia estar bem.
Enfim, o divórcio se sucedeu após uma série de acontecimentos limites da convivência e o melhor a fazer foi seguir em frente. Partir.
As fases de um rompimento são sensíveis. Sente-se, na pele, a raiva, a desilusão e o confrontamento da fase emocional (“Como ficarão nossos filhos?” é a pergunta que ameaça explodir os tímpanos, não é mesmo?). As energias se esgotam com as descrenças com o futuro, confusão e apatia da fase jurídica. O sangue gela com a profunda tristeza do afastamento de pessoas, que, até então, faziam sentido na sua vida. E uma luz dentro de si volta a brilhar, no pós-divórcio, com a ressignificação, autonomia e adaptação ao novo e à nova realidade, inclusive, pela busca de outro relacionamento.
Eu, que já passei por isso, te digo para ter calma. Não adianta sair pulando as fases, engolindo sentimentos e necessidades tão contraditórios.
Que tal se ouvir com plena atenção, digerindo tudo de forma mais consciente?
Também te asseguro que você não é a única. Na pandemia, o total de divórcios saltou para 7,4 mil apenas em julho de 2020. Um aumento de 260% em cima da média de meses anteriores, segundo dados publicados pela revista ISTOÉ Dinheiro. O convívio doméstico, por conta do isolamento social, é um dos motivos para o aumento.
Sinta-se abraçada ante o que aconteceu e acontecerá. Perdoe-se! Chega de culpa e vergonha. Olhe-se com responsabilidade. Há uma caminhada a percorrer e remoer dores não a salvará.
Destaco meus processos de cura: aliar-me a amigos preciosos, escrever um diário identificando sentimentos e necessidades, elaborar lista de afazeres para os momentos de melancolia e desânimo, ler algo novo todos os dias e procurar profissionais para me ampararem.
Que minhas palavras tenham feito sentido para ti.
No mais, lembre-se de pedir ajuda. Certamente, há pessoas comprometidas e capacitadas, que podem auxiliá-la nos momentos menos fáceis, apoiando-a para que se compreenda e se organize melhor.
Há, afinal, luz e vida após as tormentas.
“Avante, mulher!”
Autora: @feliciaibiapina é mãe de uma adolescente, mentora de mulheres, poetisa e escritora. Em breve, publicará seu primeiro livro “Avante, mulher!”, na Amazon.