Mulheres-mães protagonistas da própria história

A tal da rede de apoio

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“É preciso uma aldeia para criar um filho”. A frase vinda de uma vila nigeriana evoca a rede de apoio necessária à criação de um filho. São outras mães, pais, avós, tios e mais crianças, que constituem a complexa trama de vínculos e cuidados para uma criança segura e independente. Mas eu suspeito que o principal intento era garantir alguns minutos de paz e silêncio aos pais exaustos.

Convenhamos, pais cansados e ligeiramente surrados com a jornada tripla,  apenas seguem o baile. Não dá pra garantir que o filho coma vegetais em todas as refeições, que não assista TV por mais tempo que se gostaria, que não leve um tombo ou bata em algum lugar que você não faz ideia de como aconteceu porque, francamente, não dá pra prestar atenção na panela no fogão e na nova invenção potencialmente desastrosa do moleque.

Eu não sei você, mas todo dia eu nado um pouquinho naquele mar de cuspe que cai na testa. Aquele que eu lancei pra cima durante toda gestação, quando a fulana falava que deixava o filho comer na cama enquanto assistia Mundo Bita. Eeeeu? Nunca farei isso com meu filho! Vou planejar mil atividades educativas e passarei o dia brincando com ele. Ping, mais um cuspe.

Tá lá Joaquim com a boca cheia de biscoito de polvilho cantando a música da Luna, que já sabe de cor de tanto que viu.

A ilusão de uma maternidade fofa cai por terra logo nos primeiros meses. Mas é só após o primeiro ano sem escola, sem babá, sem diarista, sem visita da vovó, sem aquelas horinhas de um colo qualquer, menos o seu – porque o braço e a coluna já estão moídos de tanto fazer aviãozinho com a cria, que você se dá conta que ter filhos é dos maiores desafios que já inventaram na humanidade.

“É  preciso uma aldeia pra criar um filho.”

É preciso paciência, persistência e amor. Ah, como precisa de amor! É o amor que te faz respirar fundo e aguentar o tranco sem perder a cabeça. Que te faz trabalhar em frente ao computador com uma criança te escalando, puxando sua blusa pra mamar, riscando a parede. É ele que te dá força pra acordar mil vezes durante a noite e ainda ter energia pra pular no colchão pra fazer o filho rir. 

Autora: Bruna Mendes Cardoso @brumagrela. Mãe do Joca, entusiasta da escrita pessoal e despretensiosa. Escrevo no @meunomenaoemae_.


Este texto foi revisado por Arícia Oliveira.

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