O TDAH não está na moda

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Há poucos meses descobri que o comportamento “diferenciado” do meu filho tem nome: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, O TDAH.

E não tenho outra palavra pra definir meu sentimento no momento do diagnóstico a não ser de luto. Sim, a sensação foi de perder um filho, que foi substituído por outro fisicamente igual, mas com uma configuração diferente, com um manual de instruções que eu precisaria decodificar.

O estranhei pela casa por dias, olhava para ele e a lágrima descia. Senti culpa, muita culpa! Culpa por todas as vezes que gritei achando que ele fingia não me escutar, culpa pelas crises que eu não acolhi acreditando ser só birra.

Culpa de não ter procurado ajuda profissional antes, culpa por ter ignorado meus instintos que sempre me disseram que tinha algo diferente, culpa por ter me sentido incapaz ouvindo as pessoas que não sabem nada das nossas batalhas diárias, mas se sentem no direito de opinar: “você mima demais”, “isso é falta de apanhar”, “deixa chorar que aprende”… o remorso socava meu estômago sem piedade a cada lembrança.

Não tive tempo de chorar. A vida estava seguindo, e sofrer, era luxo naquele momento.

Os dias foram passando e a culpa foi dando espaço ao alívio. De repente eu entendi por que a maternidade para mim parecia tão mais difícil que para a maioria das outras mães.

Alívio porque, de certa forma, me sinto confortada por poder proporcionar mais qualidade de vida para o meu filho.

Criar uma criança atípica gera uma sobrecarga imensa. Gera isolamento e falta de apoio disfarçado de rótulo de mãe guerreira.

Meu filho não é como as outras crianças que se distraem com celular ou assiste TV por mais de 10 minutos. Muitas vezes deixei de ir a lugares porque sabia que o momento de lazer e descanso se tornaria um grande desgaste físico e mental.

Não sou guerreira porque meu filho não é um fardo. Mas bem que eu merecia uma medalha cada vez que tentei pedir ajuda ou só quis desabafar e ouvi: “mas você dá conta, você é uma mãezona!”

Sim, eu sou uma mãe incrível. E também sou a mãe que já ouviu: “ué, mas sua mãe não é professora?” acompanhado de risos diante de um mau comportamento do meu filho.
Sou a mãe que precisa aguentar dezenas de olhos me julgando e me cobrando em público quando acolho meu filho, enquanto esperam que eu o castigue em um momento de crise.

Sou a mãe que ouve: “na minha vez ninguém me ajudou”; “mas antigamente não existia isso, agora tá na moda”. Sou a mãe que ouviu ofensas e comparações sobre meu filho de gente próxima que não vale a pena citar, mas só de lembrar as lágrimas transbordam involuntariamente.

O TDAH não está na moda. Ele é real, sempre existiu e fingir que não existe não faz com que o problema desapareça.

Entendi que precisava filtrar quem merece a presença do meu filho. Que é importante para ele estar em lugares onde é querido e não apenas tolerado.

Percebi que ele continuava ali, sendo a mesma pessoinha amorosa, curiosa, comunicativa e questionadora de sempre.

Alguns dias são bons, outros nem tanto, mas uma coisa é certa: enquanto eu respirar, não medirei esforços para que minha criança cresça sabendo que é capaz de conquistar o mundo e ser o que ela quiser, sobretudo, livre, feliz e amado.

Autora: Laíza Ben – @laizacandido
Revisão: @elasoqueriaescrever

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