Mulheres-mães protagonistas da própria história

COLUNA – Um menino, uma árvore e muitos sentimentos: “O meu pé de laranja lima”

COLUNA – Um menino, uma árvore e muitos sentimentos: “O meu pé de laranja lima”

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Eu me lembrava de quando minha mãe assistia a uma novela chamada “O meu pé de laranja lima”, eu sabia que a história era baseada em um livro, mas não o conhecia. Uma amiga mãe estava lendo e me indicou a leitura. Demorei para começar porque não tinha o livro em casa e estava com outros numa lista. Foi então que fui trocar um presente na livraria, no último dezembro, e ali na banca principal ele estava. Trouxe-o. Comecei a leitura este ano. Conheci Zezé – o personagem principal que ainda não completou seis anos -, suas aventuras e lindas fantasias no mundo da brincadeira. Até que entre suas narrações surge um apertinho no coração dessa leitora, depois outro e um maior que me fez chorar.
O livro foi lançado em 1968, apresenta muitas angústias ocasionadas pelo lar violento em que Zezé vive, numa situação de pobreza e privações; fala sobre seu carinho especial por dois de seus irmãos – Glória e Luís; também conta as travessuras do menino e sua inteligência; o respeito por Dona Cecília Paim, sua primeira professora, entre outras tão curiosas ocasiões da infância de Zezé. O autor José Mauro de Vasconcelos escreve de maneira muito sensível e acessível, de modo que é fácil se encantar por sua obra.
A história – que muitos devem ter lido – me fez pensar sobre o quão importante é falarmos a respeito da parentalidade e analisarmos o nosso educar sem usar a violência. A relevância de educar e de como nossas crianças aprendem, sentem e guardam memórias fez ainda mais sentido quando fiz esta leitura. Frases como “Uma semana foi preciso para que eu me recuperasse todo. Não provinha das dores nem das pancadas o meu desânimo. Verdade que em casa começaram a me tratar bem que dava para desconfiar. Mas faltava qualquer coisa.” *
Momentos como este, no livro, nos pegam com tal força e nos fazem lembrar das nossas dúvidas na infância, rememorando que vivemos dias bons e ruins quando criança. Ler esta obra me fez ter certa curiosidade para continuar a ler este autor, cujo livro, nas palavras do escritor e tradutor Luiz Antonio Aguiar, “trata-se de uma história fortemente autobiográfica”.
Quantas infâncias são marcadas pela dor? Que a esperança de dias melhores nunca deixe de nos fortalecer para um mundo mais amável com nossas crianças, que serão adultos deste mundo.

*Vasconcelos, José Mauro. O meu pé de laranja lima. 4ª edição. São Paulo: Melhoramentos, 2019 (p.160).

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