Há livros que nos fazem questionamentos que, por muitos anos e pelos diversos ambientes por onde passamos, nunca tivemos tal provocação. Quando uso a palavra provocação quero dizer aquela inquietação que nos faz pensar sobre nós mesmas, sobre como levamos a vida e o modo como vemos os outros.
A maternidade nos provoca a todo tempo e isso é bom para refletirmos sobre nós, sobre nossas crianças e também para termos confiança naquilo que fazemos. Mesmo que tenhamos dúvidas, quando tomamos uma decisão e percebemos seu resultado, temos certa confiança para decidir os próximos passos a partir dessas experiências.
Quando criança, não me lembro de ter acesso a livros que falavam de sentimentos como os que conheço hoje. Quando comecei a dar aula na rede pública, li para meus alunos “O Pequeno Príncipe”, do célebre escritor Antoine de Saint-Exupéry; depois da primeira vez desta leitura com as crianças, usar este livro foi cada vez mais comum na minha profissão.
As crianças comentavam e se encantavam, afinal é possível falar sobre sentimentos que são tão presentes na infância e pelo resto da nossa vida, entre eles a tristeza. Ela não precisa persistir na nossa vida, mas, às vezes, ela chega e fica por um tempo, por umas horas ou minutos. E dói. Por que então não falarmos sobre ela e tantos outros sentimentos?
Livros cheios de sentimentos
Um livro gostoso para falar não só de tristeza, mas de outros sentimentos é “Emocionário”, de Cristina Núñez Pereira e Rafael R. Valcárcel. Um livro que me ajudou como mãe, como mulher, como gente.
À medida que íamos lendo e comentando sobre os sentimentos apresentados no livro, surgia a oportunidade de falar sobre situações em que eles foram sentidos e também falar sobre compreender quando alguém não está bem. Foi uma boa leitura.
E você, fala dos seus sentimentos? Percebe quando a maternidade nos provoca em relação a essas emoções? Eu tenho sido provocada sempre, e pensar nas minhas emoções me fez entender melhor as da minha filha. Aqui estamos tentando nos (re)conhecer e tem sido provocante e incrível.
A partir de “Emocionário”, comecei a buscar, na literatura, histórias que falam sobre sentimentos e encontrei algumas maravilhosas, entre elas posso citar “A parte que falta” e “A parte que falta encontra o grande O”. Estes dois livros, do autor Shel Silverstein, abordam emoções e sentimentos que temos quando estamos em busca de algo e também daquilo que temos e não nos damos conta.
Pensar sobre isso é muito interessante, tendo a literatura como caminho fica ainda melhor o percurso. Afinal, pensar sobre nossos sentimentos e conhecer histórias que nos levem a falar deles com nossas crianças é fundamental para seguirmos nossos dias, que não têm sido fáceis nesta pandemia.