Sinto que desde que me tornei mãe muito de mim foi se apagando. Na tentativa de ser suficientemente boa para meus filhos, deixei de lado a minha individualidade achando que com isso estaria me doando por inteira para eles.
Com o tempo, caiu a ficha de que o planejado estava me saindo caro e a sensação foi de que já era tarde demais para voltar atrás. Entrei, então, no modo automático. A vida virou uma rotina sem fim e, no final das contas, percebi que eu já não tinha mais a mim e nem os meus filhos a mãe que acredito que mereçam.
Há pouco tempo tomei a decisão de tirar a vida do piloto automático e comecei a mudança pela minha profissão. Além de mãe, sou também psicóloga (servidora pública) e a clínica brilhou para mim como uma possibilidade de tentar esse reencontro comigo.
Sinto de verdade que posso mais do que tenho feito até então com a minha formação. Percebo que a maternidade me abriu os olhos para as mães como um público que precisa de espaços de escuta para compartilhar, sem medo de julgamentos, as angústias que só quem tem filhos sabe como é.
Desejo que meu saber acadêmico, aliado à minha bagagem de experiências pessoais, auxilie outras mães a ressignificar suas emoções e produzir novos sentidos para suas vidas. Espero também que me reencontrando eu possa oferecer aos meus filhos alguém mais completo do que a pessoa que os acorda todos os dias com um sorriso no rosto mas que por dentro está tentando juntar os seus pedaços.
Autora: Darize Miuke Tashima Lacerda – @psi.miuketashima.
Texto revisado por Luiza Gandini.