Podemos ilustrar rede de apoio no seu sentido literal. Vamos pensar numa rede. A rede é tecida por várias linhas, essas mesmas linhas juntas se tornam uma coisa. Se você pegar essa linha sozinha e fazer o mínimo de força ela quebra, mas caso junte todas, será mais difícil de rasgar o tecido, certo?
Então, rede é isso, é a união de muitas pessoas com um único objetivo, dar segurança, não deixar que a pessoa caia, que tenha força para segurar o quanto for. Sempre que for lembrar de rede de apoio, é importante lembrar da definição de rede, no sentido literal da palavra.
Numa rede de apoio pode conter, médicos, psicólogos, amigos, familiares, cônjuges, um grupo no Facebook, um grupo de roda de conversa, ou seja, qualquer pessoa à sua volta, pode a sua rede de apoio.
Diferença entre ajuda e apoio
Existe alguma diferente entre rede de apoio e ajuda, a gente pode até confundir, de tão parecidos que os significados possam ser. Como dito antes, a rede de apoio é feita por muitas pessoas para auxiliar alguém, uma rede são pessoas que podem te ajudar a “não deixar a peteca cair”. Estar sempre disposta a socorrer e criar vínculos e laços. Já a ajuda, é um auxílio momentâneo. Por exemplo, você está precisando que uma vizinha busque seu filho na escola naquele dia, porque seu chefe não deixou você sair no horário, o que ela está fazendo? Te ajudando. Ou seja, não é algo constante como uma rede de apoio.
Como construir uma rede de apoio?
Essa parte é um pouco mais delicada que as outras, criar ou construir uma rede de apoio não é tarefa tão fácil quanto imaginamos. Por isso, vamos frisar algumas coisas importantes sobre a construção dela:
Primeira coisa é: saber conviver com as diferenças.
Para criarmos um apoio entre nós, é preciso colocarmos na cabeça que somos pessoas diferentes umas das outras. Com o Facebook, passamos momentos bem ruins referentes a julgamentos maternos e, por incrível que pareça, as próprias mães estão julgando umas as outras. Então, criar uma rede de apoio, onde não sabemos RESPEITAR é um pouco complicado, certo? Por exemplo, eu sou vegana e a mãe que eu me identifiquei como apoio, come carne. Para os tempos que estamos vivendo hoje, isso seria um grande problema, mas quando colocamos a empatia e o respeito na frente, nem tanto.
Eu consigo conviver com uma pessoa que escolheu dar carne pro seu filho tranquilamente e caso, alguma das duas crie amizade e decidam se apoiar, isso deve ser algo que tem de ser conversado. Uma mãe que não come carne, não pode simplesmente mudar a alimentação daquela criança, porque ela acha o movimento “besteira” e nem a mãe vegan, criticar a dieta que a outra mãe escolheu para sua filha.
A mesma coisa com aleitamento materno, algumas mães não puderam dar de mamar o tempo recomendado, e outras com crianças de 3,4 anos ainda são amamentadas e isso é um problema? Não deveria ser, porque, às vezes, não é nem questão de escolha, mas de privilégio ou oportunidade. Essa mãe muitas vezes não produziu leite, ou teve de voltar a trabalhar ou a criança simplesmente não pegou o peito, e TA TUDO BEM!
Não adianta querer escolher para minha rede de apoio somente mães “naturebas”, ou mães que dão doce pro filho, porque se não, em vez de rede de apoio, acabamos criando mais bolhas e excluindo a nós mesmas da nossa maternidade.
A segunda coisa importante neste tópico é: Criar Vivência.
Nós não vamos ser uma rede de apoio do dia pra noite, nem melhores amigas e confidentes. Uma amizade demora um tempo para criar raízes e a rede de apoio não deve ser diferente. Precisamos CONVIVER umas com as outras, pegar confiança. Eu, por exemplo, não deixaria, hoje meu filho passar a noite na casa de nenhuma pessoa que eu não conheça o suficiente, não porque você tem cara que não cuida bem, ou que não pode me ajudar, mas porque é preciso estar seguras para tal.
A rede de apoio leva tempo.
É necessário uma conhecer a casa da outra? SIM, é necessário ter contato com a família uma da outra? IMPORTANTÍSSIMO, porque, às vezes, eu posso morar sozinha com meu filho e a minha rede, morar com um irmão, marido, pai e etc., e para outra mãe, pode não ser um tanto confortável, a não ser que ela se sinta segura de alguma forma, caso um dia precise que ela fique com seu filho. Por isso, o vínculo é importante.
O terceiro ponto importante é: Identificar pontos em comum.
Isso é importante. Morar no mesmo bairro, ou na mesma região é um ponto bom em comum. Ter ideias parecidas é um ponto em comum, mas lembrando do que foi falado acima, sem excluir a vivência de outras mães, sem se fecharem na mesma bolha, porque, você pode ser de um jeito a outra mãe de outro, mas a rede de vocês pode sim funcionar super bem. (Estamos falando em duplas, mas a rede de apoio pode ser formada por mais pessoas também.).
Família e rede de apoio, é possível?
Acho que muita gente veio em busca dessa resposta, é possível a minha família ser minha rede de apoio? Olha, depende muito. Fazendo um paralelo com o que foi falado sobre ajuda e rede de apoio, podemos concluir que a família, é mais uma ajuda do que uma rede em si. Na rede de apoio, nós não ficamos com seu filho e jogamos isso “na cara” depois ou pedimos coisas em troca como “fico com seu filho, mas você tem de dar pra ele comer o que eu achar melhor”, ou “você não cria seu filho, eu que crio”, são frases que machucam, mas que são reais, principalmente para mães que tinham um relacionamento e tiveram de voltar para casa. Por outro lado, é possível sua família ser seu apoio, mas é um pouco mais complicado neste caso. Existem muitas pessoas que têm apoio da família sem que seja cobrada posteriormente por isso, sendo essa a razão da rede de apoio. A mesma coisa com conjuges ou namoradas(os), todos podem te apoiar, de certa forma, mas como dito acima, deve ser algo constante que você possa realmente contar.
Comprometimento! Rede de apoio é via de mão dupla.
Agora vamos falar sobre um ponto muito importante nisso tudo. O Comprometimento. Percebemos que muitas mulheres pedem ajuda, um auxilio e um socorro e algumas se dispõem a ajudar, porém, o mesmo não é feito por essa mãe que pediu ajuda.
A via de mão dupla está em falta nas redes de apoio maternos. A gente só quer, quer, mas no momento de fazermos a nossa parte, e termos a famosa reciprocidade sempre arrumamos uma desculpa.
Não que isso deva ser algo a ser cobrado, mas de que adianta, fazemos encontros, rodas de conversa, reuniões se, por exemplo, adesão? (Neste caso, o ideal seria ter uma rede de apoio para participar de ações assim, vê o quanto é necessário ter uma?)
Vemos todos os dias pedidos de ajuda, e quando estendemos nossa mão, as pessoas somem. Ou quando você precisa ir ao cinema, quer um tempo só pra você, o seu apoio se propõe a ficar com sua cria, mas quando a mesma precisa do mesmo auxílio, você não pode!
Todas temos os nossos compromissos, mas é importante lembrarmos da via de mão dupla. Porque, como dissemos, rede é isso, muitas linhas formando uma base e se uma das linhas dessa base está “capengando”, o trabalho não é completo e totalmente eficaz.
Para finalizar, busque uma rede de apoio. Se com sua família não é possível, se junte com outras mulheres troquem ideas, se unam, se juntem, se conheça, não se julguem, como disse acima, a rede é construída aos poucos, não é do dia para noite que teremos um trabalho completo, mas devagar.
*Texto publicado originalmente no Medium.