Mulheres-mães protagonistas da própria história

Sobre amamentação, Câncer de mama e um bolo que apelidei de “Rede de apoio”

Sobre amamentação, Câncer de mama e um bolo que apelidei de “Rede de apoio”

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Por aqui, amamentar tem sido algo difícil. Durante a internação do Gui, tivemos diversas interrupções nesse nosso processo de nutrir com leite, amor e aconchego.

Agora que ele finalmente está em casa e que temos a liberdade de fazer do nosso jeito, na hora que queremos e por quanto tempo desejamos, outras dificuldades estamos enfrentando.

Amamentar dói. Dói o seio, dói as costas, dói a insegurança de saber se ele vai ganhar peso até a próxima consulta, dói de diversas formas diferentes, mas também dá muito prazer em ver aquela carinha fofa ali aconchegada no seio se sentindo acolhido, seguro, amado. Em ver aquele sorrisinho lindo nas pausas ainda com a boquinha colada na teta. 

Dá também satisfação e orgulho de poder dizer: sim, estou amamentando meu filho depois de um câncer de mama, mesmo que, no fim das contas, Gui não esteja mamando no seio tratado. Tem pouco leite ali, mas tem! (e isso por si só, pra mim, já é algo incrível), a mama é diferente da outra, mais dura e ele não quis.

Ele escolheu a outra e eu também fiquei aliviada quando decidi que não queria insistir, pois em alguns momentos da vida eu já consigo escolher que lutas quero travar de acordo com a reserva energética que ainda tenho. E não ando com as reservas muito cheias já faz algum tempo, na verdade, desde a gestação.

Por aqui, nós nutrimos o Gui com leite, amor e aconchego no meu seio e na mamadeira, e nas duas opções ele tem tudo de que precisa, alimento físico e afetivo, olhos nos olhos e muito carinho de mim e do pai dele.

Um dos nossos desafios nessa jornada é o diagnóstico de APLV (alergia à proteína do leite de vaca), e esse bolo da foto é a minha rede de apoio. Explico.

Arquivo pessoal

Minha mãe fez esse bolo e meu cunhado fez risoles de frango sem nada de leite para que eu pudesse comer sem prejudicar a amamentação do nosso leãozinho. Isso é rede de apoio, e é fundamental para que as coisas deem certo, ao menos pra mim tem sido, e tenho certeza de que se mais mães tivessem todo apoio que eu estou tendo elas passariam por esse processo com mais leveza, porque sim é difícil e sim também pode ser prazeroso. Porém, amamentar não é simples nem fácil.


Autora: Hellen Rosa dos Santos, 32 anos, mãe do Guilherme de 4 meses. Metamorfose ambulante. Instagram @maeposcancer.

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