Mulheres-mães protagonistas da própria história

Ser mãe de adolescente

Ser mãe de adolescente

Compartilhe esse artigo

Por Ana Paula Coelho – @anapaulacoelha

Vejo muitas publicações sobre quando os filhos são bebês, quando estão sofrendo de cólica, puerpério, quando a gente se torna mãe e perde nossa identidade. 

Hoje tenho 33 anos e minha filha 12 e me vejo com saudades de todas essas fases ao ler os textos. Passei por tudo isso, chorei, batalhei para crescer no meu trabalho e dar o melhor para ela, venci cada manhã e cada fase de idade com seus perrengues, e hoje estou em mais uma fase, adolescência chegou. 

Sinto falta de relatos dessa fase, me sinto sozinha nessa nova etapa que se iniciou já há dois anos e que está firme e forte nos seus altos e baixos, com um agravante, a pandemia ferrou com a cabeça da minha filha.

Hoje eu escrevo aqui duas semanas depois dela ter menstruado a primeira vez e um dia depois de ter levado ela na emergência do hospital para dar pontos em um corte que ela mesma fez no braço com estilete. 

Sim, neste período de dois anos entre entrada da pré-adolescência e pandemia ela começou a se cortar. Diz que não quer se matar (imagina chegar a esse ponto de ouvir isso da filha e ficar aliviada), é para aliviar o sofrimento absurdo que tem dentro dela que ela não sabe de onde vem e o que é. 

Não se abre com ninguém, nem comigo, nem com a psicóloga e nem com ela mesma (como ela mesma me diz).

Já tentei de tudo, aula de skate, estamos largando a terceira psicóloga porque ela não se adaptou, viagem para São Paulo, viagem para o meio do mato, muitos livros que ela gosta de ler, bicicleta para irmos ao parque, “pode faltar na escola se não se sente bem hoje”, mas parece que nada adianta, nada alivia e sempre volta a acontecer.

Ser mãe é isso, em cada fase o coração dói por um motivo diferente, a culpa tá ali como uma parte do corpo instalada já em você brilhando com luz neon 24 horas por dia. 

Saudades da minha menina fofinha que não parava de cantar Let it Go, ela não existe mais, passei praticamente por um luto para me despedir dessa criança que hoje se tornou uma adolescente que sofre e precisa de ajuda, que é a coisinha mais querida, e mesmo não cantando mais Let it Go ainda vem (raramente, mas vez, ufa!) se aninhar em mim de vez em quando.

A gente sempre faz tudo pra acertar, desde que escutamos o primeiro choro, ensinamos eles a andar, comer, se virar, se defender, mas mesmo assim às vezes as coisas não saem como a gente planejou e achou que ia dar certo. Mas ser mãe é assim, ser forte quando não se tem força, tentar quando não se tem mais ideias do que fazer. 

Às vezes me sinto em um desesperado e frenético Jogo do Contente do livro Pollyanna, mas isso é só amor de mãe e a vontade absurda de ajudar o filho e tentar melhorar as coisas sempre.

Revisado por Vanessa – @elasoqueriaescrever

Compartilhe esse artigo

Leitura relacionada

Últimos Artigos

Deixe um comentário