Mulheres-mães protagonistas da própria história
Mães em puerpério

COLUNA | Mães de bebês só querem parar de chorar e ter a normalidade de volta

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Mas o puerpério não deixa! Carta aberta às mulheres no pós-parto, sobre o que ele causa na nossa rotina, a normalidade dos nossos choros, solidão, medos e ansiedade… Passei por tudo isso, sei o que você está enfrentando e vim aqui pra te abraçar!

Oi, como você está? Imagino que os dias têm sido conturbados e que todos que veem você e seu bebê perguntam só como ele está. É bem diferente de como era quando você estava grávida, esquecem completamente de você… É assim mesmo, viu?! Agora você está na forma invisível. Os holofotes são todos do bebê.

Tomar um banho na santa paz de Deus passou a ser um luxo. Estar diariamente arrumada, maquiada ou com cabelo limpo; também não vai mais acontecer como antes, com a periodicidade que você gosta.

Você anda toda atrapalhada por fora e dentro também. Seu bebê chora muito porque está tentando se acostumar com o mundo fora do útero. Além de sentir cólica demais, já que não utiliza mais o cordão umbilical pra se alimentar.

Fora o seu choro incansável por estar passando pelo famigerado puerpério: só quem atravessa essa trilha, sabe do que se trata. A gente se perde de nós mesmas, parece que todas as dores emocionais – da infância, da adolescência e da vida adulta – se juntaram em uma coisa só.

Mulher, é seu momento de reavaliar tudo. Desde lá o aniversário da sua avó, que a sua mãe fez você usar tal roupa. Até pra onde vai a sua carreira e o que a sua chefe te falou meses atrás.

Tudo ficou estranho demais e entre uma mini surtada emocional e outra, o bebê chora, aperta forte a nossa mão. Mama, dorme, sorri e a gente vai indo um dia a pós o outro com todo peso do mundo nas nossas costas. Enquanto isso, a gente conhece o maior amor desse mundo, que é o incondicional. E só sentimos por um filho: nada que ele faça ou deixe de fazer, te fará deixar de amar ele.

Não tenha vergonha de chorar.

As madrugadas com o puerpério serão palcos: do seu choro, da confusão mental, da dor e da mais fria solidão. Mesmo que esteja com o seu marido ou outros familiares na casa, você vai se sentir sozinha com o seu bebê. Enquanto o puerpério te afoga, você vai se questionar sobre tudo na sua vida até esse momento

Ao longo da gestação a gente vai romantizando tudo, sem nem pensar nessa parte – com razão: quase não é abordado esse assunto. Aí quando ele vem, a gente acha que algo está muito errado. O puerpério não é medido em positivo ou negativo.

Há quem diga que ele dura o tempo do resguardo, cerca de 40 dias. Mas os escapes de sangue vão terminar em alguns dias e o puerpério vai continuar aí por meses ainda. Ele pode levar de 3 a 12 meses pra ir embora. A enxurrada de mudanças que ele provoca, não vai passar em 40 dias! Você está reavaliando toda a sua existência.

É por isso que nesse período: mães se demitem, rompem com familiares tóxicos, saem dos relacionamentos abusivos ou que o tempo fez terminar. Você vai se sentir num campo minado: dúvidas, culpas, ansiedade, frustração, cansaço mental, felicidade, tristeza, confusão de ideias.

Não cheguei a testar, mas reza a lenda que cada gravidez gera um puerpério e eles não são iguais. Sendo o primeiro ou não, ele sempre vai te colocar em um mundo à parte. Cheio de espelhos, onde você se questiona sobre tudo e todos.

Alguns comentários que vão te ajudar:

  • Se respeite: tente não pensar agora se vai voltar ou não pro trabalho.
  • Se o bebê dormir, você também tem que dormir. Ele é totalmente dependente de você e é injusto demais, você estar acordada quando ele dorme. Ambos precisam descansar.
  • Deixe a casa por arrumar, adote o pijamão dos domingos como roupa da semana.
  • O cabelo só fica pra cima e sujo mesmo, está tudo certo. Esquece de receber bem as pessoas, elas nem deveriam estar indo aí!
  • Se alguma visita chegar e quiser lavar a louça, deixe. É um favorzão que a pessoa faz pra você!
  • Ah, mesmo que esteja se achando a mais feia das criaturas, faça fotos com seu filho. A culpa vai tentar te dizer pra não fazer, só que ela vai passar e o tempo também. Aí você vai olhar pra trás e perceber que não tem fotos com o seu bebê. Pode fazer as fotos, daqui a um tempo você vai olhar pra elas e se sentir orgulhosa pelo que passou.

Lembrete: pode levar uns meses ou um ano, mas o puerpério vai passar. E você vai olhar pra trás e ver o quanto se valorizou. Eu decidi regras e limites excelentes pra mim nessa fase. E até hoje, meu filho tem 4 anos, eu as sigo e amei ter definido isso. Não estou romantizando o puerpério, até porque, não cabe isso aqui. Só quero te mostrar que isso é passageiro.

Deu super certo comigo: coloque o bercinho do seu bebê ao lado da sua cama. Põe ele pra dormir nele e entregue o seu dedo indicador às mãozinhas do seu filho. Ele vai segurar tão firme as suas mãos que você vai se sentir acolhida por ele!

Por hora: tente descansar. Se os seus afazeres atuais são relacionados a tarefas domésticas e você pode se priorizar, o faça. O bebê dormiu, você dorme.

Se dê ao luxo de receber visitas com a casa toda bagunçada! Quem se incomodar, que organize tudo. Você está bem ocupada com o puerpério aí, dando nó na culpa, dizendo a si mesma que isso passa. Enquanto chora só mais uma vez.

Tarefas domésticas são o troco do pão nesse momento.

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