Que dia! dia de “bufos!” (você está grá-vi-da!)
Segura essa, querida!”
vai, anda… canta alguma coisa antes que te sufoquem as palavras
vim escapar aqui
vim burlar, fazer alguma coisa com isso.
Estou… bem
ai, não sei.
sim, tô bem
tô indo.
Pra onde? Não faço a mínima ideia.
Isso é um enigma. Não sei se do mesmo tipo da esfinge… mas que é enigmático isso é.
Isso é surreal. Chamo de Isso essa experiência, não me levem a mal!
tô bem
feliz
encrencada
intimada a dizer
intimada mesmo
tô bem
vou ficar cada vez melhor
vou ficar de um jeito que nunca fiquei
só eu vou saber na pele o que vou ficar
mas querer dizer sempre acalenta
querer dizer é uma forma de existir ou continuar existindo.
venha sim, venha bem.
venha que eu canto aquela música da Malu pra você:
garanto afinação e afeto pra vida inteira.
Vou lhe assegurar poesia e música estranha, “de velho”, enquanto você pode aprender com elas a gostar das coisas mais estranhas e velhas.
Porque o novo
amedronta e ao mesmo tempo faz crescer.
venha sim. Achegue-se e aconchegue-se.
tem muito de seu nesse lugar.
Texto de 21 de junho de 2018.
Autora: Samara Fernandes, psicóloga/psicanálise, esp. em Neuropsicologia e Educação Infantil, esp. em atendimento clínico para o público adolescente e adulto, casada, mãe. E ultimamente escritora (pré-lançamento do livro Oquenãodito marcado para dia 23.12.20).
Instagram: @samara.psi