Perdão, minhas amigas mães

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Perdão, minhas amigas mães.

Pra vocês, eu quero pedir perdão.

Houve um tempo em que eu não entendia. Não sabia se você queria. Nem nunca me achei tão importante pra fazer a diferença (o mundo destrói a gente de tantos modos…). E hoje eu vejo em um telão de cinema essa falta que eu devo ter feito. Desse amor que eu podia ter dado, dessa solidão que eu podia ter diminuído. Eu podia ter colorido seu dia de amarelo. Mas, me desculpa, eu não sabia. Eu não via que tinha dia que você ficava olhando para planta, para o espelho, para ele… Para onde? Por horas. Que um dia até acordava feliz, mas logo se sentava. Mas sentar? Não podia. Levantava. Também não conseguia. Então andava, mas também doía. Nesse meio tempo, ai que lindo! Ele sorria. Gargalhava, te encarava… Ai que amor! E esse pensamento bobo, ia tudo embora! Esvaia-se. Sim, claro que sim, esse seu olhar te afoga de alegria, mas logo, bum, e ele dormia. Acabou a poesia. E você estava com sede e não alcançava a água. Não tinha mão pra preparar um sanduíche. Então ficava esperando a companhia. Chegou mas já foi embora. E a água ainda está longe. Come pão sem nada mesmo que é mais rápido. Alcança a água. Bebe tudo pra demorar para ter sede. Não! Bebe pouco pra não precisar fazer xixi! Come logo. Engole tudo. Que mais tem que fazer? Rápido! Rápido! Depois vai tomar um sorvete, tem sol. Acabou o dia, mas você queria dormir e não podia. Eu gostaria de dizer sem culpa que eu dei o colo que você queria. Desculpa, amiga, eu não sabia.
Meus amores que se tornaram mães no meio do nosso caminho e ficaram lá sentadas sozinhas enquanto eu seguia, perdão. Eu não sabia.


Autora: Celina Riguetti, psicóloga há 20 anos e mãe há 2. Acolho e oriento pais, mães e cuidadores na desafiadora tarefa de educar: @madre.que.te.pario.


Este texto foi revisado por Arícia Oliveira.

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