Mulheres-mães protagonistas da própria história

O bar da plaquinha 

Compartilhe esse artigo

Um bar conhecido por colocar na fachada um tipo de placa, dessas que dá para trocar conforme o gosto, geralmente com frases polêmicas, recebeu a atenção que talvez quisesse, desde que abriu as suas portas na inauguração.

A plaquinha da vez foi um tanto quanto mais do que só polêmica, era algo ofensivo. Dizia: “Não odiamos crianças, é só a sua mesmo.” O adulto responsável pela placa, disse se tratar de uma piada.

Eu achei de um mau gosto tão gigantesco e isso não é de hoje. Em uma postagem com a hashtag #tbt2016, havia a imagem de uma caixa de papelão escrito “espaço kids, deixe seu bebê aqui e coma à vontade.”

Em 2017 teve outra plaquinha “gentil” escrita: “Aqui seu cão é bem-vindo! Mas crianças, favor amarrá-las ao poste”. Várias pessoas se condoeram com a placa colocada por último, apontaram como sendo violação aos direitos das crianças, ao respeito, dignidade, dentre outras.

Mas eu vi, além de repulsa a crianças, uma repulsa escondida: às mães que, como se não bastasse tudo que a sociedade cobra de nós após ter um filho, precisa ter mais esse alvo nas costas, que é não poder ter a liberdade de escolher onde gostaria de comer e ainda ser julgada pelo simples fato de ter uma criança.

Que existem crianças sem limites, isso não é novidade para ninguém, mas a gente sabe que nem todas as crianças são birrentas, catarrentas, choronas e chatinhas ou outro adjetivo que dão por aí.

E mesmo se fossem, não devemos depositar toda a culpa nelas. Crianças nascem sem saber de muita coisa, eu me arrisco a dizer que não sabem de nada. Claro que com exceção do dono do tal bar, que já nasceu adulto e não passou pelos aprendizados infantis da vida.

Por trás de toda criança que faz birra, tem mães que não sabem para onde correr. Eu digo mãe, porque mesmo tendo pais que fazem o seu papel, a mãe sempre é a retaguarda. O pai quando cansa, quem dá o colo, acalma, consola, aguenta é a mãe.

Eu queria muito ir a um retiro de yoga num determinado hotel, mas eles não aceitam mães. Dizem não aceitarem crianças, mas nenhuma criança pega sua mala e vai sozinha, então, por óbvio, não aceitam mães.

Eu quase entendi, porque se eu mal consigo paraticar yoga em casa, em meio aos brinquedos da menor, livros e jogos da maior, por que seria diferente num hotel com tantas novidades e cores?
Além do que, quem não tem filhos e vai para um hotel desses, o que menos vai esperar é que tenham crianças brincando lá no meio. Eu poderia deixar minhas filhas com meu marido em casa e ir, mas não gostaria de passar mais de um dia longe delas.

Esse quase que faltou para eu entender, é porque poderiam incluir atividades para crianças em vez de excluir mulheres/mães como hóspedes. Mas, é isso.

A grande questão é que acabam excluindo famílias. Para quem aceita isso bem, está ótimo, mas como diz o ditado: “eu não entro onde minhas filhas não são aceitas.” E olha que elas são mais educadas que muitos adultos por aí. Mais do que o adulto da placa, eu tenho certeza.

Por: Lady Ana Barreto – @lecafecomlady
Revisora: Vanessa – @elasoqueriaescrever

Compartilhe esse artigo

Leitura relacionada

Últimos Artigos

Deixe um comentário