Mulheres-mães protagonistas da própria história

Não estou sozinha

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Eu de novo diante daquela porta. Aquela que velou minhas madrugadas durante meses. A cena se repetia. Bebê nos braços, costas curvadas, olhos semicerrados e o desejo profundo de que o sol raiasse logo, embora eu não soubesse como encararia as horas do dia sem ter o mínimo de descanso noturno.

Para acelerar o tempo comecei a me recordar do tortuoso período de privação de sono encarado por mim naquela mesma sala. O barulho do ventilador cortava o silêncio e ao mesmo tempo reavivava memórias que permeavam minha mente daquele recente passado.

Costumava fazer o exercício de pensar quantas pessoas estariam em sono profundo porta afora. Mas, agora passageira de segunda viagem e com tanta experiência trocada com outras mães, propus à minha cabeça inverter a ordem dos fatores – o que obviamente não alteraria o resultado.

Então passei a me concentrar na quantidade de mães que estariam naquele mesmo momento diante das portas dos quartos de seus filhos, tentando embalá-los como numa valsa insone performada a cada madrugada.

Por mais egoísta que pareça, tal exercício me fez sentir um pouco menos sozinha. E, não, saber que outras mães encaram noites a fio acordadas não me traz satisfação, porém me leva à realidade de que faz parte do processo do maternar, por mais duro que seja.

Talvez na ausência de uma rede de apoio física, sejamos rede de apoio mental uma da outra mesmo sem querer. Pois por detrás de cada porta há batalha individual de mãe com seu bebê nos braços, entretanto, o rogar por dias melhores é coletivo e, por fim, o sol nasce para todas nós. Sorte a nossa.

Autora: Jéssica Benitez – @eeunemqueriasermae.

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