Mulheres-mães protagonistas da própria história

Me entreguei ao carregar

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Durante a gestação, enquanto me sentia bombardeada de informações e anúncios de produtos para bebês, tentando me encontrar no meio desta confusão para decidir o que eu realmente precisava ter para receber minha filha, eu ouvi falar pela primeira vez em slings, cangurus e outros acessórios desta categoria.

Ouvi falar também da exterogestação, ou quarto trimestre. Segundo esta teoria, o bebê precisa passar os três primeiros meses de vida grudadinho com seus pais. Pensando nisso, junto com a praticidade de me movimentar para certos lugares sem precisar levar o carrinho, decidi comprar um canguru de segunda mão.

Na época, não pensei muito em marca ou modelo. Encontrei este anúncio de alguém vendendo um canguru usado por um bom preço aqui no bairro e fui lá buscar. Por sorte, foi uma ótima aquisição: uma mochila ergonômica com vários ajustes para ser usada em diferentes posições do nascimento até 20kg (segundo o fabricante). E valeu a pena! Logo nas primeiras semanas de vida da minha filha, eu descobri que tentar colocá-la no berço após adormecer no meu colo, era como tentar soltar uma bomba hipersensível sem explodir.

Com o tempo, aceitei que ela só dormiria bem perto de mim (pelo menos até acabar a tal exterogestação) e passei a carregá-la diariamente, até dentro de casa. Tive dor nas costas e no ciático, pois tentava realizar tarefas domésticas como limpar o banheiro, varrer o chão e lavar a louça com a pequena no canguru, e ela não aceitava que eu me inclinasse, então eu adotava posturas não naturais.

Fiz exercícios, massagem e alguns ajustes nas alças do carregador, parei de fazer atividades mais pesadas carregando a bebê, e as dores melhoraram. Não procurei uma consultoria de babywearing neste momento, porque eu pensava que depois de três meses, minha filha entenderia que está fora da minha barriga e eu não precisaria mais carregá-la.

Só que os três meses passaram, depois quatro, cinco… e ela continuava querendo fazer as sonecas e ser carregada só no canguru. No carrinho de bebê e no assento do carro ela chorava. Neste ponto, eu já tinha desistido de seguir a teoria da exterogestação e apenas aceitei e acolhi as necessidades de colo da minha filha. Adaptei minha rotina para fazer coisas que não me davam dor nas costas ao carregá-la, como ir ao supermercado, caminhar ou usar o computador em pé (porque se eu sentava, ela acordava).

Quando a bebê fez 6 meses, já conseguia sentar sem muito apoio e não precisava mais de tantas sonecas no dia. Também estava ficando cada vez maior e mais pesada. Então resolvi testar novamente o carrinho. E funcionou! Ela não chorava mais e, com o tempo, aprendeu a dormir no carrinho durante nossas caminhadas.

Pensei que os dias do nosso carregar estavam contados. Até semana passada. Agora, aos 11 meses e meio, entramos numa fase desafiadora. É salto de desenvolvimento, pico de crescimento, angústia da separação e dente nascendo, tudo ao mesmo tempo. De repente, minha filha de quase 11kg voltou a chorar ao ser colocada no carrinho e só dorme bem as sonecas do dia sendo carregada. E para piorar, está chegando o verão e eu sinto muito calor usando o canguru.

Pedi socorro a um grupo de mães e elas me sugeriram usar um sling de fibra natural. Eu já havia pensado que, se eu tivesse mais um bebê, gostaria de aprender as amarrações de sling. Nesta primeira gestação eu não quis. Achava que já tinha tanta coisa pra aprender, que o canguru seria mais prático (e que só seria usado por três meses, mesmo). Mas depois desta primeira experiência, passei a achar que talvez o sling seria mais versátil, entre outras vantagens. E eu ia esperar o próximo bebê para ter esta experiência.

Até um dia, na semana passada, quando mais uma vez eu estava caminhando com minha filha no canguru e levando o carrinho vazio pra passear, que me deu um estalo: por que não agora? Por que lutar contra o instinto da minha bebê, quando eu posso abraçá-la e carregá-la com conforto até quando ela quiser?

Tantas expectativas já se desfizeram como castelinhos de areia… Eu pensava que com um ano de idade ela já estaria comendo bem e mamando pouco, que ao aprender a andar não pediria mais tanto colo. Quem sabe 11 meses não é tarde demais para se adaptar ao pano, quem sabe eu ainda possa realizar meu desejo de amamentá-la no sling, e aprender a carregá-la nas costas para suportar melhor o peso.

Por que esperar o próximo bebê (que eu ainda nem sei se terei) se eu posso continuar vivendo esta experiência de carregar com mais qualidade com a filha que eu tenho hoje? Naquele instante, quando pensei tudo isso, decidi mergulhar de cabeça no estilo de vida do babywearing.

Minha filha quer ser carregada e eu vou carregá-la. Mas vou fazer de uma forma que seja bom pra nós duas (minhas costas agradecem) e, para isso, preciso de ajuda. Já comecei a ouvir um podcast sobre o assunto, comprei um sling de segunda mão e marquei minha primeira hora de consultoria para aprender a usá-lo. Estou ansiosa para viver esta fase, que não é nova, mas que está sendo vivida por mim com uma nova perspectiva.

Por: Gabriele Tschá – Instagram: @gabrieletscha.writer.
Texto revisado por Cristiane Araújo.

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