Mulheres-mães protagonistas da própria história

Eu, mãe, mas não só mãe

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Por Gabriela Sanches Ferreira | @Gabi Sanches

Tem dias que nem vejo o tempo passar. Não sei se isso é bom ou ruim. Às vezes, é bom, mas, parando pra pensar a longo prazo, o que esses dias corridos têm feito por mim?

A maternidade me devora inteira. E como tudo nela, isso também é uma faca de dois gumes. Se por um lado não consigo imaginar um sonho melhor que esse realizado; por outro, não consigo acordar do pesadelo de ser, 24 horas por dia/7 dias por semana/ 31 dias por mês e 365 dias e 4 horas por ano (quando não é ano bissexto), mãe.

Eu não quero deixar de ser mãe. É o papel em que mais me sinto inteira, completa e necessária. Mas não quero e não posso ser só isso. Quero me sentir mulher. Quero me sentir uma boa profissional de novo. Quero me sentir útil também além da maternidade. Quero fazer tão bem meu trabalho quanto fazia antes. Afinal, eu também trabalho com os(as) filhos(as) de outras mães.

Não quero ser injusta. A maternidade melhorou muita coisa também na minha docência. O afeto sempre esteve presente em meu olhar, mas, ser mãe, me deu uns óculos de enxergar pequeninices as quais são tão importantes para as crianças, quanto para uma mãe.

Mas me tirou a leveza de trabalhar com disposição, com amor, com dedicação. Me tirou a leveza de saber quem eu sou. A habilidade de me analisar e me compreender. Tirou até o que eu vinha construindo com tanto esforço, que é a capacidade de se perdoar.

Espero um dia entender o motivo disso tudo. E mais do que isso, espero que daqui uns anos tudo tenha mudado pra melhor, principalmente para as mulheres. Afinal, eu sofro, porém carregaria mais um milhão de vezes esse fardo para que minha filha não tivesse que senti-lo.
 
Revisão: Angelica Filha – @angelicaafilha

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