Mulheres-mães protagonistas da própria história

COLUNA | O Sling que eu NÃO deveria usar 

COLUNA | O Sling que eu NÃO deveria usar 

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Conheci o sling antes mesmo de engravidar. Observava aquelas mães lindas e poderosas carregando seus “filhotes” pendurados no colo com um pano macio e flexível. Adorei a ideia simplesmente pela praticidade, mas logo descobri as milhares de vantagens para o bem-estar do próprio bebê, que ainda vive um processo de extero-gestação.

Quando meu filho Kabir nasceu, no outro dia lá eu estava pendurada com ele. Confesso que, ao mesmo tempo que aquilo me dava satisfação e alegria por sentir sua presença tão viva perto de mim, também usei o sling para o “proteger” um pouco do mundo. Vou explicar brevemente:

Ao final da minha gravidez, à espera do parto – que foi um tanto peculiar em muitos aspectos – tive dificuldades de relacionamento com minha sogra e meu esposo. Fiquei bem isolada neste período, o que me fez muito bem, porém, depois do nascimento do meu filho, não queria sair tão fácil desse casulo e logo não dei muito oportunidade para o Kabir sair também.

Só me dei conta disso quando, 2 meses após o parto, passei 10 dias com minha mãe em Salvador, Bahia e claro, com tanto calor – era inverno em Curitiba – era impossível manter a cria tão enclausurada. Além do que, o acolhimento da minha mãe foi precioso e me deu segurança para eu enfrentar o mundo lá fora.

Em um dos momentos de banho ou troca de fralda, percebi que naqueles 2 meses eu mal olhei meu filho. Não reparei sua cor de pele, seu cabelo, sua marcas, e muitas outras características. Eu literalmente o escondi no sling. E o escondi até de mim mesma!
Sou muito grata ao uso do sling, mas este acabou se tornando um instrumento para bloquear meu caminho de contemplação sobre o novo que se abria diante de meus olhos.

Logo, enquanto algumas mulheres precisam muito do sling para sentirem o acolhimento e segurança para criarem seus filhos, eu, pelo contrário, precisava de um pouco menos de tempo do sling para perceber e contemplar meu filho e minha nova realidade.

A experiência da maternidade é algo muito intenso e incrível e cada um realmente vai descobrir como traçar o seu caminho. Sou grata ao sling no dia a dia, mas sou mais grata ainda por ele ter me ensinado que há tempos que seu “não-uso” vale mais a pena do que qualquer praticidade.

Texto revisado por Vanessa Menegueci.

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