Mulheres-mães protagonistas da própria história

COLUNA | Maternar é quebrar expectativas

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Quando moramos fora, a quebra de expectativas se torna algo corriqueiro em nossas vidas. Não que morar em nosso próprio país de origem também não traga um punhado de frustrações diárias, longe disso. 

Mas antes de nos mudarmos de país costumamos construir milimetricamente em nossas cabeças o lugar que moraremos, as experiências que vivenciaremos, as pessoas que conheceremos, e por aí vai.

Não preciso nem dizer que algo muito parecido acontece conosco quando vamos ser mães. Ficamos imaginando a carinha dos nossos bebês, como eles serão, do que gostarão. E nada nunca chega perto do bebê real. 

Os sentimentos que achávamos que sentiríamos, principalmente, são algo completamente diferente do que já havíamos sentido na vida. Talvez se você for mãe de segunda viagem seja mais previsível algumas questões, mas sempre há novas surpresas, acredito.

Parir em terras estrangeiras é ficar nesse momento eterno de quebra de expectativa. A começar pelo parto. Vindo do Brasil, minha expectativa sempre foi ter uma cesária, como quase todas as mulheres que conheço lá, montar um berçário com móveis enormes, mil brinquedos e ter um carrinho de bebê gigantesco.

Achei que o bebê já ia nascer, dormir a noite inteira e mesmo que não dormisse, sempre haveria alguém conosco para compartilhar das noites mal dormidas e dos choros que houvessem do bebê. 

Sempre achei também que alguém teria as respostas quando eu precisasse delas e que sempre, sempre, alguém saberia o que fazer para resolver qualquer questão que aparecesse. Morar fora tirou de mim uma segurança no meu momento de maior vulnerabilidade.

Tudo aconteceu tão diferente do que eu havia previsto. E tudo bem, porque ajudou a construir a minha maternidade que é hoje um bem preciosíssimo para mim. Algo que construí com meu marido e minha filha do zero e que faz hoje em dia parte de quem eu sou.

Mas como foi difícil reunir forças e ter maturidade o suficiente para conseguir realizar que a partir do momento que você se torna mãe tudo foge do controle. Você não sabe mais que horas vai precisar acordar a noite, como serão seus dias de trabalho, e até se no dia presente você conseguirá tomar banho.

E fazer isso tudo fora da sua cultura, portanto, fora de todos os padrões com os quais você já estava preparada e acostumada, exige um baita esforço emocional. Graças a Deus pela existência de psicólogos e psiquiatras!

Maternar é, sem dúvida, quebrar tantas expectativas quanto ir morar fora de seu país.

Revisão: Vanessa Menegueci – @elasoqueriaescrever.

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