Mulheres-mães protagonistas da própria história

COLUNA | “Filhos? Que responsabilidade!”

COLUNA | “Filhos? Que responsabilidade!”

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“Filhos? Que responsabilidade!”. Essa é uma fala bem comum que ouço desde que tive meu filho, mas o engraçado é perceber que quase nunca me identifico com ela. Pensando o porquê disso, concluí dois pontos que vou compartilhar aqui. 

Primeiro ponto: para mim, é uma grande ilusão achar que filhos são responsabilidades dos pais. Eles são responsabilidades também dos pais, mas não somos os únicos! Uma criança que vem ao mundo é responsabilidade de uma nação, um governo, um bairro, um prédio, uma casa, um lar. Crianças são seres que compartilhamos entre nós. 

Quando a criança está na escola, do porteiro à professora, todos são responsáveis. Se está brincando na rua, do pedestre aos vizinhos, todos são responsáveis. Se está no dentista, da recepcionista ao odontólogo, todos são responsáveis. Recomendo que vejam o filme: “O Começo da Vida”, para entenderem a minha fala por completo.

Crianças são seres frágeis e estão criando memórias e bases emocionais para o futuro adulto que governará um país; ou o futuro professor que estenderá conhecimento para seus alunos. Ao assumirmos, todos, a posição de responsáveis destes seres, tiramos dos pais uma enorme carga de responsabilidade-culpa que eles sofrem diariamente. 

Em segundo lugar, esta frase pouco ressoa em mim porque sinto nela uma necessidade de enfatizar que: se temos alguma responsabilidade na vida, quando temos filhos, descobrimos que temos uma responsabilidade de verdade! Sério? Se você acha que ter filhos é um grande peso de responsabilidade, talvez você não esteja conectado completamente às pessoas que te rodeiam. 

Parece que como os filhos não podem ser “devolvidos”, tornam-se um peso maior em nossa vida. Não necessariamente. Inverte a ideia: pelo fato de não levarmos a sério muitos relacionamentos nossos a ponto de “devolvê-los” (seja com uma separação, seja cortando contatos), pensamos que os filhos são muito mais difíceis de se relacionar; afinal, se um filho te magoa, te entristece, te deixa mal, você vai se separar dele? Muito difícil… Por que não pensamos assim, então, sobre nosso cônjuge, nossos amigos, nossos parentes? Por que damos uma nova chance aos nossos filhos, mas cortamos de vez laços com aqueles que não têm o título de “filhos”? 

Meus relacionamentos, seja minha família de nascimento, meus amigos, meus vizinhos, todos são de grande valor para mim. Meu filho veio para somar essa lista de relações – com responsabilidade – que tenho orgulho de viver. 

​Assim fica a reflexão: vejam a relação com os filhos como tão digna de cuidado e atenção como qualquer outra, sendo claro que você é parte deste processo e não o único elemento essencial.

Texto revisado por @tevejomae.

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